“Quando deixar de ser chanceler, outros podem ocupar-se a dar um nome aos meus anos de governo. Mas, se há um tema que para mim é importante, esse tema é a Europa”, disse Merkel, citada por agências, na entrevista, que vai ser difundida hoje à noite.
“Parece algo óbvio, porque é algo que herdámos dos mais velhos, que viram a integração europeia como uma resposta ao horror da guerra. Nós, que não vivemos a guerra, temos a responsabilidade de conservar esse projeto”, acrescentou.
A chanceler reiterou a ideia de que a Europa tem de tomar o seu destino em mãos e disse partilhar da posição do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, que recentemente falou da necessidade de uma mudança de estratégia nas relações entre a Europa e os Estados Unidos.
A entrevista à chanceler, que cumpre o quarto mandato sucessivo, e provavelmente o último, incidiu sobretudo em questões internas, designadamente o futuro do sistema de pensões.
O programa de governo, disse, "é claro" quanto ao compromisso de manter o nível atual das pensões até 2025 e da idade de reforma até 2030.
Merkel mostrou-se confiante na resolução das diferenças com os parceiros de coligação, os sociais-democratas do SPD e os conservadores bávaros da CSU, quer no tema das pensões, quer no da gestão dos fluxos migratórios.
A chanceler foi também questionada sobre ambiente, em face dos fenómenos climáticos extremos registados nos últimos meses, designadamente na Alemanha, afirmando que, antes de definir novas metas de redução de gases com efeito de estufa, há que trabalhar no cumprimento dos objetivos já definidos.
A entrevista foi feita numa altura em que o SPD tenta ganhar uma identidade própria dentro da coligação de governo em matéria de questões sociais, sobretudo a das pensões, e que as tensões entre a União Democrata-Cristã (CDU) de Merkel e a União Social-Cristã (CSU) de Hörst Seehofer, principalmente em matéria de migrações, não estão superadas.
Ao mesmo tempo, as sondagens não têm sido boas para nenhum dos partidos, prevendo que se houvesse eleições agora, juntos não conseguiriam uma maioria absoluta no parlamento.
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