A ideia de candidatar a relação médico-doente a património imaterial da humanidade partiu inicialmente da ordem dos médicos de Espanha e conta com o “forte apoio” dos médicos portugueses, como disse aos jornalistas o bastonário Miguel Guimarães.
O processo de candidatura já chegou ao governo espanhol que terá já enviado a proposta para a UNESCO — Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
“A Ordem dos Médicos portuguesa está a apoiar fortemente esta proposta e vamos tentar ir um pouco mais longe, tendo programada uma reunião nas Nações Unidos, com o secretário-geral para lhe falarmos da questão da relação médico-doente”, afirmou Miguel Guimarães, indicando que o encontro já foi solicitado, mas ainda não está marcado.
Para o bastonário dos médicos portugueses, a questão fundamental é “a humanização dos cuidados de saúde”, salvaguardando a segurança clínica dos doentes e dos próprios médicos.
“No dia em que [a relação médicos-doente] for reconhecida, estamos a dar uma importância a essa relação que não tem tido para os governos dos vários países”, considera Miguel Guimarães.
O bastonário admite que é ainda uma forma de salvaguardar os direitos dos doentes e também de “lutar contra o excesso de burocracia” que existe no sistema de saúde e contra “a imposição de tempos na relação médico-doente que são completamente absurdos”.
A “Relação Médico-Doente: Património do ser Humano” é aliás o tema do XX Congresso Nacional de Medicina e do XI Congresso Nacional do Médico Interno que decorrem no fim de semana, em Coimbra.
Melhorar a relação entre médicos e doentes é também uma das principais bandeiras do bastonário dos Médicos, que já determinou que vão ser definidos tempos padrões de consultas, para que o intervalo de marcação entre as várias consultas seja mais adequado.
Cada colégio da especialidade vai definir os tempos que considera adequados e a Ordem espera ter esse trabalho pronto em janeiro do próximo ano, dentro de menos de três meses.
O bastonário Miguel Guimarães admite que os tempos padrão de consultas partem de uma base mínima de 15 minutos e que poderão vir a ser agrupados por três ou quatro tempos que integrem várias especialidades.
Miguel Guimarães admite que especialidades como a psiquiatria, medicina interna e neurologia sejam as que vêm a ter tempos padrão mais alargados.
Atualmente, os hospitais marcam consultas de 15 em 15 ou de 10 em 10 minutos, mas o bastonário reconhece que há serviços e unidades que permitem marcar mais do que um doente para a mesma hora.
“O sistema informático não devia sequer permitir que se marcasse mais do que um doente para a mesma hora”, considera o representante da classe médica.
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