Na abertura das jornadas parlamentares do partido, que começaram hoje, no distrito de Coimbra, Mariana Mortágua abordou pela primeira vez em público a polémica acerca dos despedimentos no BE, em 2022, de duas mulheres que tinham sido mães recentemente, insistindo que o partido cometeu erros.
Interrogada sobre se receia que o BE seja prejudicado eleitoralmente após esta polémica, Mortágua rejeitou.
“Acho que não. (…) Acho que as pessoas, os votantes, os simpatizantes, os militantes conhecem melhor que ninguém todo o património que o Bloco tem em todas as lutas pela justiça, pelo trabalho, pelo feminismo em todas elas. E, portanto, acho que não. Acho que as pessoas nos conhecem”, respondeu.
Contudo, a coordenadora do BE reconheceu a necessidade de rever procedimentos internos, nomeadamente nas formas de contacto com os funcionários do partido, “sobretudo nos momentos mais delicados de entrada e de saída”, depois de uma dessas trabalhadoras ter sido contactada durante a sua licença de maternidade.
Mariana Mortágua considerou necessária “uma clarificação das funções que cada pessoa tem e da natureza do trabalho e do vínculo que é estabelecido, e que tem características muito próprias”, uma vez que está em causa “um partido político e atividade política”.
Adiantou ainda que, nessa altura, estas duas trabalhadoras enviaram uma carta à direção do partido a manifestar o seu descontentamento “pela forma como foram contactadas” no momento em que se chegou à conclusão de que “era impossível manter aqueles postos de trabalho” e que o BE assumiu os erros que cometeu.
“É certo que cumprimos os deveres legais, é certo que procurámos um acordo que protegesse estas pessoas mas temos sempre que procurar contactá-las e ter os procedimentos mais respeitosos possível. No mais eu quero-vos dizer que somos humanos e que às vezes erramos como toda a gente”, sublinhou.
Numa comunicação enviada aos militantes do partido, e à qual a Lusa teve acesso, Mariana Mortágua já tinha reconhecido que o partido cometeu erros no “processo penoso” de despedimentos após as legislativas de 2022, época na qual o BE viu a sua subvenção pública substancialmente reduzida depois de passar de 19 para cinco deputados na Assembleia da República.
No caso particular de duas trabalhadoras que foram despedidas e que tinham sido mães há pouco tempo, os contratos foram excecionalmente estendidos de março até dezembro desse ano.
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