“O Presidente da República regista, com apreço, que, um ano e meio após o assalto a Tancos, passos significativos tenham sido hoje objeto de divulgação pública pela Procuradoria-Geral da República, no que respeita ao roubo das armas e outro equipamento militar”, lê-se numa nota divulgada na página da Internet da Presidência da República.
Na nota é ainda referido que Marcelo Rebelo de Sousa “continua a insistir na importância do cabal apuramento de factos e responsabilidades, quer quanto ao desaparecimento, quer quanto ao reaparecimento do referido armamento”.
A Polícia Judiciária deteve hoje oito pessoas e realizou dezenas de buscas na zona Centro e Sul do país no âmbito do caso Tancos, por suspeitas de crimes de associação criminosa, furto, detenção e tráfico armas.
Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) adiantou que esta operação decorre de um inquérito na qual se investigam as circunstâncias em que ocorreu o furto de material de guerra, entre a noite do dia 27 e a madrugada do dia 28 de junho de 2017, no paiol de Tancos.
Em causa estão factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, furto, detenção e tráfico de armas, terrorismo internacional e tráfico de estupefacientes.
Fonte da PJ disse à agência Lusa que os oito detidos são todos civis e que serão presentes na terça-feira a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, no Campus de Justiça.
O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos foi noticiado em 29 de junho de 2017.
O caso do furto de armas em Tancos ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sete militares da Polícia Judiciária Militar (PJM) e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do roubo.
Entre os detidos está o diretor da PJM e um civil (que já foi militar), principal suspeito da prática do furto, encontrando-se ambos em prisão preventiva, num caso que levou à demissão de Azeredo Lopes do cargo de ministro da Defesa e cujas implicações políticas levaram à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que ainda não começou com as audições.
Em setembro, após a investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada “Operação Húbris”, que levou às detenções, foi anunciada pelo CDS-PP a constituição de comissão de inquérito parlamentar, aprovada apenas com a abstenção do PCP e do PEV.
A comissão tem o prazo de 180 dias, até maio de 2019, prorrogável por mais 90, para chegar a conclusões.
A comissão de inquérito ao furto de material de militar de Tancos vai reunir-se duas vezes por semana e começa as audições às 63 personalidades em janeiro.
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