Num comunicado divulgado no portal da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa afirma que o prelado “representou, para a Igreja Portuguesa, a projeção da linhagem do senhor Dom António Ferreira Gomes no mundo do trabalho, em áreas sociais particularmente complexas, sempre atento à luta pela liberdade contra a opressão e pela igualdade contra a injustiça, em homenagem ao princípio da dignidade da pessoa”.
António Ferreira Gomes (1906-1989) bispo de Portalegre, de 1942 a 1958, e do Porto de 1952 a 1982, vocacionou a sua ação pastoral na atenção às degradantes condições sociais do país e criticou o regime político de então, liderado por António Salazar, tendo partido para o exílio em julho de 1959.
O Presidente da República condecorou a título póstumo o bispo do Porto, no passado 25 de Abril, com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e Espada.
No comunicado presidencial, afirma-se que tal como foi referido na mensagem por ocasião dos 90 anos de Manuel Martins, celebrados a 20 de janeiro, “o seu testemunho foi particularmente impressivo à frente da diocese de Setúbal”, da qual foi o primeiro bispo.
“Ao dar vida aos princípios evangélicos, em tempos de crise e de enormes desafios comunitários, não serviu apenas a Igreja Católica, serviu Portugal”, salienta o chefe de Estado.
“O Presidente da República evoca, com saudosa e respeitosa amizade, uma personalidade singular, que tudo fez na sua vida para contribuir para um Portugal mais livre e mais justo, e, por isso, mais democrático”, remata o comunicado.
Manuel Martins chegou a ser conhecido por “bispo vermelho”, durante a crise dos anos 1980, pelas denúncias que fez de situações de pobreza e de fome na região.
Nascido em 20 de janeiro de 1927, em Leça do Balio, Matosinhos, Manuel da Silva Martins estudou no seminário do Porto e, mais tarde, na Universidade Gregoriana, em Roma.
O bispo emérito, que esteve à frente da a diocese de Setúbal entre 1975 e 1998, morreu hoje, aos 90 anos.
Um comunicado da Diocese de Setúbal informou que Manuel Martins “faleceu hoje, às 14h05, acompanhado dos seus familiares e após receber a Santa Unção” de um pároco local, sem referir o local da morte.
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