“Infelizmente, o novo ministro está condenado logo à partida pelo primeiro-ministro, que foi muito claro quando da demissão da anterior ministra, ao afirmar que ia mudar o titular da pasta, mas a política ia ser a mesma”, frisou o dirigente, em Arganil, no distrito de Coimbra, numa visita à Feira Industrial e Comercial da Beira Serra (Ficabeira) e Feira do Mont’Alto.
Em declarações aos jornalistas, numa reação à indigitação de Manuel Pizarro para ministro da Saúde, substituindo a demissionária Marta Temido, o presidente do PSD perspetivou que o novo titular da pasta vai ter “muitas dificuldades” e mostrou “pouca confiança em que vá conseguir obter bons resultados”.
Segundo Luís Montenegro, o novo ministro da Saúde “está condenado a seguir uma política que trouxe como resultado mais portugueses sem médico de família, caos nas urgências, sobretudo nas de obstetrícia e ginecologia, e uma incapacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) de dar resposta a muitas solicitações de consultas de cirurgias de tratamentos”.
“Se o primeiro-ministro disse que a política ia ser a mesma, [Manuel Pizarro] está condenado a ter resultados piores ou iguais àqueles que teve a anterior titular da pasta, que foram péssimos para o SNS e para a resposta aos problemas de saúde dos portugueses”, afirmou.
“A escolha de um dirigente do PS [para o ministério] revela também incapacidade de António Costa em recrutar na sociedade pessoas que fujam da esfera daquilo que é o círculo mais restrito do dirigismo do PS”, sublinhou.
Para o líder social-democrata, a escolha do primeiro-ministro revela “que António Costa já só consegue recrutar naqueles que são os fervorosos dirigentes do PS”, num Governo que “está absolutamente tomado por dirigentes socialistas”, cujo núcleo está “muito fechado à sociedade”.
“O primeiro-ministro acha que está tudo bem, que deve prosseguir com a mesma política e o novo ministro está condenado pelo seu chefe de Governo, que define as prioridades e as orientações políticas”, reiterou.
Luís Montenegro acusou ainda o Governo de se mostrar “absolutamente incapaz de suster as consequências do encerramento de serviços, nomeadamente de urgência, e as consequências que isso está a provocar em muitas pessoas que precisam de cuidados urgentes”.
O presidente do PSD entende que o mal do setor da saúde está nas orientações do primeiro-ministro, no afunilamento do SNS e numa carga ideológica excessiva, em que o primeiro-ministro e o PS não percebem que saúde tem utentes e não ideologia e é preciso contar com todos”.
“O SNS é uma pedra basilar, que nós defendemos, mas defendemos que quando não tem capacidade de resposta precisamos de contar com o setor social e privado, de forma complementar, para que, com a ajuda do Estado, os cidadãos com menos recursos possam também aceder aos cuidados de saúde, e infelizmente o Governo não olha para isso”, disse.
O primeiro-ministro, António Costa, propôs ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a nomeação do eurodeputado socialista Manuel Pizarro para o cargo de ministro da Saúde, em substituição de Marta Temido.
Manuel Pizarro, especialista em medicina interna, foi secretário de Estado da Saúde nos dois executivos socialistas liderados por José Sócrates, entre 2008 e 2011.
Depois de conhecida hoje a sua nomeação como novo ministro da Saúde do terceiro Governo liderado por António Costa, tomará posse do cargo no sábado, sucedendo a Marta Temido, que se demitiu em 30 de agosto.
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