
Três jovens de Loures e da Margem Sul prometiam ganhar muito dinheiro em jogos online, através dos seus canais no TikTok ou no Instagram, e rapidamente fizeram um sucesso entre os adolescentes.
À medida que a sua conta crescia, também os vídeos eram mais frequentes, e mais os jovens que os idolatravam. Um vídeo em particular causou maior furor nas redes sociais: os rapazes, com idades entre os 17 e os 19 anos, gravaram-se a violar uma jovem de 16 anos que se tinha encontrado com o grupo para os conhecer.
O vídeo esteve pouco tempo disponível online mas teve milhares de visualizações "e nem uma das pessoas que assistiu àquelas imagens fez queixa às autoridades", contou uma fonte da Polícia Judiciária ao Expresso.
O encontro foi em Loures, perto da casa onde a adolescente vive com os pais, mas a jovem acabou por ser levada para uma arrecadação abandonada. Um momento de grande euforia para a admiradora do grupo, acabou como um pesadelo.
Quando chegou a casa, a vítima relatou os atos de violência aos pais, que a levaram imediatamente para o Hospital Beatriz Ângelo, onde foi feita queixa às autoridades.
A investigação está ainda em curso, mas o Expresso avança que os três jovens foram detidos pela PJ na última segunda-feira. "São adolescentes sem qualquer tipo de cadastro e não é do nosso conhecimento que tenham participado em outros tipos de crimes semelhantes", acrescenta.
Os agressores vivam apenas com os rendimentos das redes sociais, graças à sua popularidade, suficientes para pararem de estudar. De acordo com a mesma fonte, não ostentavam quaisquer sinais exteriores de riqueza, mas "praticavam aquilo a que se designa de esquema Ponzi piramidal que está no limiar do crime. Mas é algo que ainda está a ser apurado".
As autoridades explicam que o grupo participava num modelo de recrutamento, que pagava segundo o número de pessoas recrutadas.
O juiz de instrução criminal ordenou que os jovens fossem obrigados a apresentarem-se semanalmente numa esquadra próxima de casa e não se pudessem aproximar ou contactar a vitima. "Cometeram um crime muito grave mas o juiz tem de ter em conta o envolvimento social, a idade e o facto de serem primários [sem cadastro]", explica uma fonte próxima do processo.
Dois dos três jovens suspeitos apagaram as contadas das redes sociais, mas um publicou um vídeo para negar a participação no caso de que foi acusado. "Na vida há pessoas más que fazem tudo para nos ver cair, mas Deus sabe e vê tudo", escreve.
"Em breve se deus quiser o meu nome estará limpo e cada pessoa que acha que fiz isto irá ter provas em como eu sou um homem em condições", acrescenta, reiterando a sua inocência.
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