“O número de pedidos de informação disparou, temos dezenas de pessoas a ligar todos os dias” porque “toda a gente está muito preocupada com o está a acontecer”, afirmou à Lusa o cofundador da Golden Visa Portugal Limited, Kieron Norris, uma empresa especializada na obtenção de ‘vistos gold’ em Portugal através da venda de imobiliário.
A lei em causa proíbe “qualquer ato de traição, separação, rebelião, subversão contra o Governo Popular Central, roubo de segredos de Estado, a organização de atividades em Hong Kong por parte de organizações políticas estrangeiras e o estabelecimento de laços com organizações políticas estrangeiras por parte de organizações políticas de Hong Kong”.
A empresa sediada em Hong Kong e com representação em Portugal, assegura que a confiança que os seus clientes têm em Portugal é muito maior do que aquela que têm agora na cidade chinesa, que tem autonomia em todas as áreas até 2047, exceto na diplomacia e na defesa.
Antes do anúncio por parte de Pequim, a empresa tinha algumas chamadas de pessoas “com muitas perguntas e demoravam muito tempo a tomar uma decisão”, mas agora “há muita gente a adiantar cauções” para garantirem o processo, explicou o também fundador Jason Gillott.
Jason Gillott disse que não consegue quantificar o valor que isso pode significar em propriedades “porque são muitos os pedidos que estão a chegar”.
Os clientes de Hong Kong, sublinhou Kieron Norris, estão preparados para vender as suas propriedades em Hong Kong rapidamente, “perdendo 10 a 15% porque pensam que o mercado aqui não vai voltar”, devido ao medo que esta lei de Pequim pode causar na semiautonomia da antiga colónia britânica.
“E estão preparadas para perder dinheiro em Hong Kong porque podem ter retorno financeiros nos próximos cinco anos em Portugal”, destacou Kieron Norris.
A empresa está confiante que os preços do imobiliário em Portugal não vão descer devido à crise da pandemia da covid-19, até porque, atendendo à situação de incerteza atual, são muitas as pessoas que procuram investir em Portugal e para iniciar o processo dos ‘vistos gold’, procuram abrir contas em Macau e Portugal.
Para Jason Gillott, Portugal é dos países mais bem posicionados para o “mundo pós covid-19″: o país, na sua opinião, lidou com a crise da covid-19 “muito bem, tendo um dos mais baixos números na União Europeia”, é politicamente estável, tem boas relações com a China, com os Estados Unidos, é aberto, tem um bom sistema de impostos e boa qualidade de vida, salientou.
Não só os tradicionais residentes de Hong Kong estão interessados em adquirir propriedade em Portugal, mas também muitos expatriados ingleses que vivem em Hong Kong, que devido às incertezas na cidade, mas também do Brexit, não querem regressar ao país de origem e vêm Portugal como um país seguro e tranquilo, adiantaram.
O investimento captado através dos ‘vistos gold’ caiu 46% em abril, face a igual mês de 2019, para 28 milhões de euros, segundo contas feitas pela Lusa com base em dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Em abril, o investimento total resultante da concessão de ‘vistos gold’, Autorização de Residência para Investimento (ARI), atingiu os 28.084.721,28 euros, uma quebra de 46% face a abril de 2019 (52 milhões de euros), e praticamente em linha com março (+0,35%).
Nos primeiros quatro meses do ano, o investimento captado através da ARI totalizou 147.734.585,61 euros, menos 40% face a igual período de 2019 (249 milhões de euros).
A ARI é uma modalidade de visto de residência em Portugal que concede a autorização para viver no país, beneficiando das vantagens de fazer parte da União Europeia, para estrangeiros que comprovem a realização de determinados tipos de investimentos no país.
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