As críticas do PSD surgem numa nota à imprensa assinada pelo secretário-geral José Silvano, pouco depois de Rui Rio ter reagido também, via Twitter, à mensagem em vídeo de António Costa em que acusa o presidente do PSD de “transacionar” valores humanistas por conveniência eleitoral, a propósito de posições assumidas sobre a prisão perpétua no debate de segunda-feira com o líder do Chega, André Ventura.
“A continuar a deturpar desta forma o que eu digo, mais uma semana e o dr. António Costa pode estar a acusar-me de defender que as mulheres devem andar de burca”, escreveu Rui Rio.
Na nota à imprensa, o PSD reitera as acusações de deturpação aos socialistas.
“O secretário-geral do Partido Socialista veio reagir de forma inédita, em período de campanha eleitoral, ao debate realizado esta segunda-feira entre Rui Rio e André Ventura, deturpando as afirmações do Presidente do PSD, numa clara tentativa de enganar os portugueses, colocando na sua boca o que nunca disse”, escreve José Silvano, que classifica igualmente de “enganadora” uma primeira reação ao debate por parte do secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro.
Os sociais-democratas consideram que “esta técnica de deturpação não contribui em nada para dignificar o debate político, não esclarece os portugueses e pode levar a uma campanha de desinformação, que certamente irá penalizar os partidos políticos e o país nas eleições de 30 de janeiro”.
“O PSD quer deixar um sério aviso à continuação deste tipo de prática política. Relembrando que em política não pode valer tudo, entende o PSD que é seu dever sensibilizar e apelar aos vários partidos e, em particular, ao Partido Socialista (e à empresa de marketing que o inspira), para que se mantenha a serenidade e se faça uma campanha séria, esclarecedora e em torno das ideias que cada um defende para o país, sobretudo numa altura delicada de crise económica, social e sanitária”, refere o texto assinado por José Silvano.
António Costa acusou hoje o presidente do PSD de se dispor a considerar o restabelecimento da prisão perpétua por conveniência eleitoral, contrapondo que há linhas vermelhas inultrapassáveis e que os valores do humanismo não são transacionáveis.
Na sua mensagem, que consta de um vídeo divulgado pelo PS, António Costa considerou que o país assistiu “com surpresa, em direto e ao vivo, ao doutor Rui Rio, por conveniência ou necessidade eleitoral, a dispor-se a considerar com André Ventura diferentes modalidades para restabelecer a prisão perpétua”.
“Quero ser muito claro, em circunstância alguma podemos ceder nos princípios ou nos valores. O combate ao populismo exige linhas vermelhas inultrapassáveis. Os valores do humanismo que inspiram a nossa sociedade não são transacionáveis. Um político responsável tem sempre os seus princípios e os nossos valores no centro”, criticou António Costa.
No debate, Rio foi desafiado por Ventura a dizer em que áreas considerava o Chega um partido tão radical e um dos temas abordados foi o da prisão perpétua, que este partido defende para certo tipo de crimes.
Na resposta, o presidente do PSD fez questão de separar os vários regimes de prisão perpétua que existem no ordenamento jurídico europeu – citando o exemplo da Alemanha em que este tipo de pena existe, mas é revisto ao fim de 15 anos sob forma de liberdade condicional – e afastando-se daqueles em que alguém pode ser preso por toda a vida.
“Se nós estamos a falar na prisão perpétua ponto final parágrafo, vai para a cadeia e nunca mais sai de lá até ao fim da vida, isso nós somos completamente contra, é um atraso civilizacional”, disse Rio.
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