"Sem um CDS forte, o PSD poderá deixar de ser o partido da laranja para se transformar no partido da toranja, isto é, mantém-se cor de laranja por fora, mas vermelho por dentro porque admite entender-se com António Costa e formar um bloco central de interesses", afirmou Francisco Rodrigues dos Santos.
O líder centrista falava na segunda-feira à noite num jantar-comício da campanha eleitoral para as eleições legislativas de domingo, em Viseu, que ficou conhecido como o "cavaquistão".
A iniciativa reuniu cerca de uma centena de pessoas, entre as quais o cabeça de lista por círculo eleitoral, Manuel Marques, o vice-presidente do partido Paulo Duarte e também os avós de Rodrigues dos Santos.
"Eu olho para o discurso do PSD a apelar ao voto útil embalado por estas sondagens pré-fabricadas, mas eu confesso que já não percebo nada do que é isto do voto útil, porque para o verdadeiro democrata-cristão e conservador sensato, o voto útil só pode ser no CDS", salientou.
E sustentou que "é o único voto que tira a ideologia de género das escolas, é o único voto que defende o mundo rural, é o único voto que baixa impostos, é o único voto que vai reverter a extinção do SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras] e é o único voto que diz não à eutanásia".
"O voto útil é um voto que defende valores, é um voto que não negoceia princípios e é um voto que diz que connosco não há entendimentos possíveis com António Costa, nem com a extrema-esquerda, nem há possibilidade de viabilizar um bloco central", apontou Francisco Rodrigues dos Santos.
E citou também o antigo líder centrista Paulo Portas, dizendo que “basta estar atento para perceber que as sondagens consecutivamente desvalorizam o CDS”.
“Mas graças a Deus que a nossa gente aprendeu a defender-se desta ameaça e já não liga coisa rigorosamente nenhuma, que é como quem diz esperem pelas eleições e logo veremos. E eu tenho a certeza que a família do CDS esperará pelo dia 30 e vai dar um cartão vermelho a todas as empresas de sondagens que querem fabricar resultados antes do voto dos portugueses”, defendeu.
Rodrigues dos Santos apontou também críticas aos concorrentes do CDS-PP à direita, apontando a opção por "uma direita que tem preocupações sociais, que é conservadora nos valores e que é uma barreira ao populismo fanatista" ou no lugar dos eleitos do CDS “vão estar deputados populistas do Chega que ninguém conhece” ou deputados da Iniciativa Liberal “que na maior parte das matérias que interessam a um democrata-cristão e a um conservador vão estar a votar ao lado do BE".
"O voto na Iniciativa Liberal não é necessariamente um voto a favor da direita e um voto no Chega também não é, porque ninguém consegue entender-se com um partido populista que ora tem ideias de extrema-esquerda, ora ideias de extrema-direita", salientou Francisco Rodrigues dos Santos.
O presidente do CDS-PP lamentou ainda as críticas de que a sua campanha tenha "ruas vazias, mercados vazios", salientando que "este é o estado do interior do país e é preciso mostrar o estado em que está o interior do país a Portugal".
CDS-PP contra regionalização e diz querer "descentralizar a sério"
O presidente do CDS-PP salientou na segunda-feira que o partido é “contra a regionalização” porque o modelo “cria tachos e tachinhos” e aumenta a despesa pública e apontou que o objetivo dos centristas é “descentralizar a sério”.
“O CDS é contra a regionalização, e eu convido todos os partidos, já que estamos em véspera de eleições, a dizer qual é que é a sua posição sobre a regionalização em Portugal”, afirmou Francisco Rodrigues dos Santos.
O líder do CDS-PP falava num jantar-comício, em Viseu, da campanha eleitoral para as legislativas de domingo.
A iniciativa reuniu cerca de uma centena de pessoas, entre as quais o cabeça de lista por círculo eleitoral, Manuel Marques, e o vice-presidente do partido Paulo Duarte.
Rodrigues dos Santos justificou que a regionalização “divide o que é bom”, a “ideia de Estado nação, Portugal unido e coeso” e “multiplica o que é mau”.
“Este modelo que querem impor aumenta a classe política, cria tachos e tachinhos para os partidos do sistema do bloco central, cria mais corrupção, mais dívida, mais impostos, mais despesa pública e o país fica rigorosamente como está”, criticou.
Na ótica do presidente do CDS-PP, “isto como está não pode ficar mais”, porque Portugal “está altamente desigual com assimetrias preocupantes”, o interior “tem perdido nos últimos 20 anos milhares e milhares de pessoas e a solução que o CDS propõe não é mais Estado, é um Estado com qualidade e uma administração de proximidade”.
“Nós queremos descentralizar a sério, descentralizando serviços da administração central do Estado em delegações distritais. Não queremos cinco regiões, temos 18 distritos, queremos serviços da administração central em delegações distritais com uma política de proximidade em áreas que são fundamentais”, explicou.
Com esta medida, o partido quer “fixar pessoas” e “responsabilizar a administração do Estado pela política de desenvolvimento territorial”.
“E queremos acabar com esta apropriação indevida de fundos comunitários na administração central em Lisboa, porque Portugal não é Lisboa e o resto não é paisagem, não há portugueses de primeira nem portugueses de segunda”, criticou.
No seu discurso, o presidente centrista referiu ainda a proposta que consta no compromisso eleitoral do CDS-PP sobre a reforma do sistema eleitoral e que passa por “criar círculos uninominais e plurinominais e um círculo nacional de compensação”.
O CDS quer “alterar a geometria da distribuição dos mandatos por círculos” para que o “interior eleja mais deputados, tenha mais peso na Assembleia da República, tenha mais voz, para que os assuntos do interior sejam discutidos, para obrigar a Assembleia da República a legislar e a encontrar soluções para dois terços do território”.
E salientou que “o CDS tem soluções, tem propostas” e não “defende tonterias”, não é um “partido de Lisboa e do Porto”, nem de “só onde existe praia”.
“Perguntem a esses partidozinhos da moda onde é que se candidataram nas eleições autárquicas”, acrescentou Rodrigues dos Santos, referindo que foram “zero” nos distritos do interior.
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