O presidente da União de Freguesias de Alverca e Sobralinho, Carlos Gonçalves (CDU), admitiu, em declarações à agência Lusa, que se trata de “uma posição polémica”, já anunciada pelo autarca na mais recente sessão da Assembleia de Freguesia.
As garraiadas são um dos eventos das Festas da Cidade e de São Pedro, que ocorrem anualmente no mês de junho em Alverca do Ribatejo, no distrito de Lisboa.
"Embora seja uma decisão polémica, porque Vila Franca de Xira é um concelho com fortes tradições taurinas, era preciso ser tomada. A cidade de Alverca não tinha incorporada essa tradição e o que aqui está em causa são alguns valores civilizacionais", argumentou o autarca.
Nesse sentido, Carlos Gonçalves sublinhou que "o direito à vida e à defesa do bem-estar de todos os seres vivos" levou a que a União de Freguesias de Alverca e Sobralinho deixasse de apoiar qualquer espetáculo tauromáquico.
"Ficarei extremamente satisfeito se esta minha decisão servir de exemplo para outros pontos do concelho de Vila Franca de Xira", apontou.
No entanto, a decisão não foi bem acolhida junto dos "aficionados de espetáculos tauromáquicos", que acusam a junta de freguesia de querer "proibir algo que não é da sua competência.
"É uma decisão estranha porque ele [presidente da junta] está no direito de gostar ou de não gostar, mas não tem competências para proibir. É uma decisão que vai prejudicar muito a cidade de Alverca", afirmou à Lusa o sociólogo e professor universitário Luís Capucha, um defensor da tauromaquia no concelho.
Luís Capucha considerou que esta decisão "é populista", num concelho de "fortes tradições tauromáquicas, que "constituem a identidade do povo ribatejano".
"Creio que lhe fica mal ter esta posição, porque está desfasado daquela que é a posição dos restantes autarcas e daquela que é a posição do seu próprio partido [PCP] na Assembleia da República”, acrescentou.
Contactada pela Lusa, a deputada municipal do PAN (partido Pessoa-Animais-Natureza) na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, Adélia Gominho, congratulou-se com a decisão do executivo de Alverca, mas reconheceu que "o caminho nunca poderá passar por proibir os espetáculos tauromáquicos".
"É possível acabar, como aconteceu em pequenas localidades de Espanha, mas deverá consultar-se sempre a população. Cabe à população conseguir encontrar alternativas para celebrar o passado rural, os touros e as lezírias. O que aqui está em causa é o bem-estar animal e não o desenraizamento ou a perda identitária", ressalvou.
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