A conclusão é do Estudo sobre o Consumo de Álcool, Tabaco, Drogas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências (ECATD-CAD) 2019 do Serviço de Intervenção nos Comportamento Aditivos e nas Dependências (Sicad) e consiste numa análise das abordagens preventivas sobre comportamentos aditivos a que foram sujeitos em meio escolar os alunos do ensino público, com idades entre os 13 e os 18 anos.
Segundo o estudo, que envolveu 26.319 alunos, 59% dos jovens disseram que tinham consumido álcool nos 12 meses anteriores à realização do inquérito, 29% tinham fumado e 13% tinham utilizado drogas ilícitas, enquanto 72% tinham jogado videojogos no mês anterior, sendo minoritários (18%) os alunos considerados jogadores problemáticos de videojogos na modalidade ‘online’
No ano letivo em que foi feito o inquérito (2018/2019) ou no anterior, 66% dos alunos tinha tido alguma disciplina ou atividade extracurricular em que eram abordados os riscos e os problemas associados aos diferentes comportamentos aditivos. Destes, cerca de metade viu abordados os quatro comportamentos aditivos considerados: álcool, tabaco, drogas ilícitas e jogo eletrónico.
As abordagens preventivas incidiam sensivelmente na mesma proporção sobre tabaco (54%), álcool (53%) e drogas ilícitas (52%), enquanto a temática do jogo (43%) se destaca como a menos abordada entre os alunos numa perspetiva preventiva.
“Os alunos que no último ano consumiram álcool, tabaco e drogas ilícitas foram recentemente objeto de abordagens preventivas sobre as respetivas temáticas em maior proporção do que aqueles que, no mesmo período, não consumiram tais substâncias, sendo o mesmo válido para o que diz respeito à prática de videojogo, e de forma até mais acentuada”, salienta o Sicad.
Para os autores do estudo, este é um indicador de que “pode ser importante repensar o tipo de sensibilização sobre estas matérias que é implementado em meio escolar, nomeadamente num contexto em que as perceções de risco são à partida bastante elevadas”.
Ainda assim, acrescentam, “de uma forma geral, os alunos que foram sujeitos recentemente a abordagens preventivas sobre comportamentos aditivos tendem a atribuir-lhes uma utilidade grande ou muito grande, sendo poucos os que consideram que estas tiveram pouca ou nenhuma utilidade”, sendo que a temática do jogo eletrónico se destaca como aquela a que os alunos tendem a atribuir menor utilidade.
Seja qual for a temática abordada numa perspetiva preventiva, quem mais lhes atribui utilidade são as alunas, de menor idade, residentes na Madeira, que não consomem ou o fazem com menos risco associado, com uma elevada perceção do risco e cujos pais são intransigentes com potenciais comportamentos aditivos por parte dos filhos.
Embora a diferença seja pouco acentuada, as abordagens preventivas sobre comportamentos aditivos incidiram mais em alunos (68%) do que em alunas (65%), enquanto os mais novos (69%) foram objeto destas aprendizagens em maior proporção do que os alunos mais velhos (64%).
A nível regional, verifica-se que a maior percentagem de alunos abrangidos se encontra nas regiões da Madeira (70%) e Centro (69%), enquanto Lisboa se destaca em sentido contrário (62%), com valores consideravelmente inferiores ao total nacional.
O estudo conclui ainda que “a discrepância em função da região onde se vive é maior do que a verificada em função do sexo ou da idade. Por outro lado, a percentagem de alunos que abordaram recentemente apenas alguns dos temas (e não todos os comportamentos aditivos considerados), traduzindo uma cobertura preventiva menos abrangente, é maior entre os alunos do sexo feminino, pertencentes ao grupo etário dos mais velhos e residente nas regiões Centro e Açores”.
Embora as diferenças não sejam muito relevantes, o álcool é o comportamento aditivo mais abordado do ponto de vista preventivo nas regiões do Algarve e Açores, enquanto no Norte e em Lisboa é o tabaco. Nas restantes regiões as abordagens preventivas sobre álcool e tabaco registam valores semelhantes.
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