O veterano marchador do Sporting, de 47 anos, concluiu as 20 voltas ao circuito pelas ruas da capital húngara, com partida e chegada na Praça dos Heróis, em 01:23.37 horas, sem conseguir melhorar a sua melhor marca do ano (01:22.08).
“Dei o meu melhor, fiz um bom resultado, na ordem da hora e 23 e isso é que interessa. Agora é meter a cabeça no sítio e seguir em frente. Saio satisfeito, apesar de inicialmente o principal objetivo serem os 20 quilómetros, como saí da cota, tive de treinar para os 35. Queria fazer melhor, mas este tempo era o que eu tinha hoje”, afirmou o português, na zona mista.
O primeiro português em competição nos Mundiais ‘apostou’ num segundo grupo da corrida, longe do ritmo apresentado pelos primeiros, entre os quais se destacou o vencedor, o espanhol Álvaro Martín, que venceu em 01:17.32 horas, batendo, por sete segundos, o sueco Perseus Karlstrom, segundo, e, por 15, o brasileiro Caio Bonfim, terceiro.
Martín sucede ao japonês Toshikazu Yamanishi, campeão em Oregon2022, que não foi além do 24.º posto, numa prova em que os 10 primeiros terminaram com tempos abaixo de 01:19 horas.
João Vieira fixou-se no grupo perseguidor, tendo passado a meio da prova no 39.º lugar, com o tempo de 41.11 minutos, e melhorado a sua classificação até ao final.
“Foi uma prova bastante difícil, tive de encontrar o meu ritmo e estou muito cansado da viagem de ontem [sexta-feira]. Ainda estou sem mala, os abastecimentos foram improvisados e acho que a palavra de ordem destes campeonatos vão ser estes atrasos todos”, referiu João Vieira.
Além dos atrasos nos voos da comitiva portuguesa, que afetaram o atleta de Rio Maior, também a prova de hoje foi reagendada para duas horas depois do previsto.
“Foi difícil por terem adiado a prova em duas horas. Já estávamos na câmara de chegada, quando disseram que ia ser atrasada duas horas. Os outros perguntavam-se se em algum dos anteriores campeonatos tinha acontecido e não, nunca aconteceu. Mas estou muito satisfeito e orgulhoso por ter sido felicitado por muitos atletas, que confessaram que eu sou um exemplo para eles, aos 47 anos”, realçou.
Apesar do cansaço, o português garantiu ainda a presença na prova dos 35 quilómetros marcha, marcada para quinta-feira.
“Agora quero recuperar. Ontem não fiz recuperação da viagem, mas, certamente vou estar na partida para os 35 [na quinta-feira]”, assegurou.
João Vieira, medalha de prata nos 50 km em Doha2019 e bronze em Moscovo2013, igualou os 13 Mundiais do espanhol e também marchador Jesus Bragado, que conseguiu o feito com mais quatro anos do que o português, que, mesmo assim, não quer pensar num possível recorde isolado.
“Não pensei em estar nos próximos Mundiais [em 2025, em Tóquio]. Dou um passo de cada vez. O objetivo é estar em Paris2024, tenho de tentar a classificação nos 20 quilómetros e, depois, logo vejo. A idade já vai longa e tenho uma filha que também precisa e merece estar comigo”, concluiu.
A presença nos próximos Jogos Olímpicos pode ser conquistada via ranking ou através da obtenção de marca de qualificação, fixada em 01:20.10 horas, apenas mais um segundo do que o recorde nacional da distância de João Vieira, alcançado em 08 de agosto de 2006, em Gotemburgo, na Suécia.
A 19.ª edição dos Campeonatos do Mundo de atletismo Budapeste2023 arrancou hoje e decorre até 27 de agosto.
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