Na intervenção feita durante a sessão evocativa do centenário do nascimento do antifascista Armando Castro (1918–1999), Jerónimo de Sousa falou no caráter “limitado da atual solução política” e defendeu a necessidade de dar mais força às políticas de esquerda do PCP.
Na sessão que decorreu na Biblioteca Municipal do Porto, Jerónimo de Sousa teceu múltiplos elogios às políticas e ao pensamento do homenageado, e assegurou que o PCP continuará a “lutar” por “uma vida melhor, afirmando a construção de um caminho alternativo, que tem no horizonte o socialismo”.
Para Jerónimo de Sousa, a luta por uma vida melhor é tão “mais necessária” quanto fica “patente em toda a evolução da vida política nacional, o caráter limitado da atual solução política e a necessidade de dar cada vez mais força a uma verdadeira política alternativa, a política patriótica e de esquerda, que o PCP propõe ao povo português”.
A evocar o “resistente antifascista", o “intelectual insubmisso”, o “revolucionário sem mácula”, o “obreiro da democracia” e o “humanista”, o líder dos comunistas recordou que a vida e as políticas defendidas por Armando Castro “dão um exemplo” e “apontam um rumo” para os dias de hoje para Portugal.
“Neste nosso tempo, em que as regressões parecem prevalecer, na mercantilização da vida social, na intensificação da exploração, na desvalorização do trabalho, na concentração da riqueza e na expansão da pobreza (…), a memória de Armando Castro e o que emana do seu pensamento (…), reforça a convicção de que vale a pena e é nosso dever lutar por uma vida melhor”, disse Jerónimo de Sousa.
Nascido no Porto em 1918, Armando Castro licenciou-se em Ciências Jurídicas pela Universidade de Coimbra (1941) e em Ciências Político-Económicas (1942) pela Universidade do Porto, e foi bolseiro do Instituto Nacional para a Alta Cultura de 1941 a 1943.
A biografia de Armando Castro publicada na página Antifascistas da Resistência, recorda o percurso do advogado, economista, investigador e professor universitário (impedido de lecionar até ao 25 de Abril), e as "centenas de trabalhos nos domínios da História, Economia Teórica e Aplicada e Teoria do Conhecimento", que compõem a sua obra, reconhecida em 1965, pela antiga Sociedade Portuguesa de Escritores, com o Grande Prémio Nacional de Ensaio.
Nos tribunais plenários da ditadura, o advogado, que foi militante comunista desde 1941, defendeu numerosos réus acusados dos então chamados "crimes políticos", como Ruy Luís Gomes, Óscar Lopes e Agostinho Neto, e fez parte da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos. Entre outras distinções, recebeu a Medalha de Ouro da Cidade do Porto.
Depois de ver a exposição sobre a vida e obra de Armando Castro, que foi hoje inaugurada na Biblioteca Almeida Garrett, do Porto, Jerónimo de Sousa defendeu uma “democracia avançada” nas quatro vertentes – política, económica, social e cultural -, e assumiu que o PCP iria reafirmar uma política que assegure um Portugal “com futuro, de justiça social e progresso”.
“Uma política que assume uma cada vez maior atualidade e que é parte integrante da luta pela concretização de uma democracia avançada que projeta os valores e o património de Abril como realidades e necessidades objetivas no futuro do no país”, declarou, no discurso de seis páginas, que leu durante mais de 20 minutos.
A exposição sobre a sua vida e obra de Armando Castro vai ficar patente até 14 de agosto na Biblioteca Almeida Garrett.
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