Um dos navios é o “Geo Barents” dos Médicos Sem Fronteiras, com 248 imigrantes a bordo, que poderá atracar no porto de Salerno, a sul de Nápoles, enquanto o outro é o “Humanity 1” da organização alemã “SOS Humanity”, com 261 migrantes, esperados em Bari, sul de Itália.
Ambos os navios de salvamento estiveram na sexta-feira ao largo da costa da ilha da Sicília, tendo as autoridades italianas aceitado em recebê-los em dois portos da península, obrigando-os a percorrer uma grande distância de navegação.
O “Geo Barents”, onde uma mulher deu à luz há poucos dias e teve que ser retirada, segue rota “em péssimas condições marítimas” para o porto de Salerno, onde pretende chegar na madrugada de domingo, segundo avaliaram fontes da organização.
O “Humanity” 1 rumou para Bari, onde chegará depois de percorrer todo o sul da península italiana e percorrer cerca de 300 milhas náuticas (cerca de 555 quilómetros).
O seu capitão pediu às autoridades italianas que lhes atribuíssem um porto mais próximo, já que são esperadas tempestades durante a rota, mas não obteve permissão e agora navega rumo a esta cidade da Apúlia, disseram à Efe fontes que seguem na embarcação.
A decisão de não permitir o desembarque de imigrantes na Sicília responde ao desejo de descongestionar a rede de centros de acolhimento daquela ilha no sul de Itália, segundo relata a televisão pública RAI.
No entanto, desta vez, os dois navios humanitários rapidamente obtiveram permissão para atracar e desembarcar os imigrantes, um mês após o bloqueio que sofreram no porto de Catania, sul de Itália, pelo governo da extrema-direita de Giorgia Meloni.
O governo italiano acusa estas organizações de promoverem o fluxo de imigração do Norte de África e critica os seus parceiros na União Europeia (UE) por não gerirem este fenómeno em conjunto, por forma a distribuir entre todos os requerentes de asilo.
Assim, no início de novembro, o vice-presidente do executivo de Meloni, Matteo Salvini, impediu a atracagem do “Geo Barents” e do “Humanity 1, impondo depois desembarques seletivos, permitindo apenas o desembarque de migrantes “vulneráveis”.
Por fim, a Itália aceitou o desembarque em Catânia de todos os imigranres resgatados, mas desencadeou uma crise diplomática com Paris, pois um navio de bandeira norueguesa e fretado pela Organização Não-Governamental (ONG) francesa “SOS Méditerránée” teve de rumar ao porto de Toulon, sul de França, com 230 imigrantes.
Apenas duas semanas depois, a Comissão Europeia apresentou um plano de ação para reforçar o mecanismo de solidariedade acordado para ajudar os países da UE que recebem mais migrantes em situação irregular.
Agora, a rápida atribuição de portos italianos a estes dois navios com imigrantes reflete uma nítida mudança de posição do Governo dirigido por Meloni.
Na sexta-feira, o embaixador alemão em Roma, Viktor Elbling, anunciou que seu país cuidou dos primeiros 164 requerentes de asilo que chegaram a Itália.
“A solidariedade funciona. A Alemanha recebeu o maior número de imigrantes da Itália por meio do mecanismo de solidariedade acordado. São vidas, não números. Trabalhamos em estreita colaboração com a Itália nisso”, escreveu o diplomata no Tweetir.
Meloni participou esta semana numa cimeira em Tirana (Albânia) entre a UE e os Balcãs Ocidentais e reconheceu que “pela primeira vez” o tema da migração é uma “prioridade” para Bruxelas.
Comentários