A incursão militar de quinta-feira no campo de refugiados de Jenin transformou-se num tiroteio que deixou mortos pelo menos nove palestinianos, enquanto idênticos confrontos noutras localidades da Cisjordânia provocaram mais vítimas mortais.
Em Gaza, militantes do Hamas dispararam foguetes contra Israel, que respondeu com ataques aéreos durante a madrugada e manhã de hoje, embora limitados, num padrão que a agência noticiosa Associated Press (AP) define como “familiar”, pois permite a ambos os lados responderem sem que sejam atingidos por grandes explosões.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, segundo a AP, instruiu os militares a prepararem-se para novos ataques na Faixa de Gaza, parecendo também deixar em aberto uma possibilidade de diminuição da violência.
No entanto, a incursão israelita constituiu, defende a agência noticiosa, um primeiro teste para o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, com apoio da extrema-direita.
A conduta do novo executivo está a causar “profunda preocupação” do Departamento de Estado norte-americano, sustenta a AP, antes da esperada viagem do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, à região na próxima semana.
O ataque de quinta-feira também levou a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) a interromper a coordenação de segurança com Israel.
Apesar da tensão, hoje em Jerusalém e na Cisjordânia, as tradicionais orações do meio-dia no complexo da Mesquita de Al-Aqsa, muitas vezes um catalisador de confrontos entre palestinianos e a polícia israelita, decorreram numa relativa calma.
O incidente mais grave, apesar de ligeiro, ocorreu hoje nas ruas da cidade de al-Ram, palco quinta-feira de incidentes entre as duas partes, quando jovens palestinianos mascarados atiraram pedras contra a polícia israelita, que respondeu com gás lacrimogéneo.
No entanto, até agora, segundo a AP, tanto os foguetes palestinianos como os ataques aéreos israelitas parecem limitados para evitar uma escalada nos confrontos que possa desembocar numa guerra.
Israel e o Hamas travaram quatro guerras e várias escaramuças menores desde que o grupo militante tomou o poder em Gaza às forças palestinianas rivais, a Fatah, em 2007.
Os foguetes dos palestinianos foram disparados em direção ao sul de Israel, enquanto os ataques aéreos não letais de Israel atingiram alvos em Gaza, como campos de instrução militar e uma cave de fabrico artesanal de foguetes.
O ministro da Defesa de Israel afirmou que os militares desferiram um “golpe duro” nos militantes palestinianos em Gaza e acrescentou que o exército estava preparado para atacar “alvos de ‘alta qualidade’ […] até que a paz seja restaurada para os cidadãos de Israel”.
A polícia israelita elevou o estado de segurança em Jerusalém, numa altura em que fiéis muçulmanos se reuniam para as orações na Mesquita de Al-Aqsa e cantavam palavras de ordem em evocação dos mortos no ataque em Jenin.
As tensões no local sagrado, reverenciado pelos judeus como o Monte do Templo, provocaram violência no passado, incluindo uma sangrenta guerra em Gaza em 2021.
O local é considerado o terceiro mais sagrado do Islão e o mais sagrado para o judaísmo.
As tensões aumentaram desde que Israel intensificou os ataques na Cisjordânia, na primavera passada, após uma série de ataques palestinianos.
Entre os mortos no ataque de quinta-feira estavam sete militantes e uma mulher de 61 anos.
Quase 150 palestinos foram mortos na Cisjordânia e no leste de Jerusalém no ano passado, o mais mortífero nesses territórios desde 2004, de acordo com o principal grupo de direitos humanos de Israel, o B’Tselem. No ano passado, segundo o mesmo grupo, 30 israelitas morreram em ataques palestinianos.
Este ano, 30 palestinianos foram mortos até agora, de acordo com uma contagem da AP, vítimas que Israel diz serem maioritariamente ativistas do Hamas, admitindo que também possa haver civis.
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