Lúcia de Jesus nasceu em 28 de março de 1907, em Fátima. Após a morte dos primos – os santos Francisco e Jacinta Marto -, Lúcia ingressou no Instituto das Irmãs de Santa Doroteia em 1925, onde permaneceu até 1948.

O seu percurso como Religiosa Doroteia foi maioritariamente vivido em Espanha, onde teve as duas aparições que completam o ciclo da mensagem de Fátima, com os pedidos da Devoção dos Primeiros Sábados (1925), em Pontevedra, e da Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria (1929), em Tuy.

“Ainda durante este tempo, por ordem do Bispo de Leiria, escreve as suas primeiras Memórias, dando assim início a um dos meios através do qual divulgará a mensagem de Fátima: a sua obra escrita”, segundo as suas notas biográficas.

Entrou no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, a 25 de março de 1948, onde permaneceu até à sua morte, em 13 de fevereiro de 2005. Foi sepultada no Carmelo de Coimbra e, a 19 de fevereiro de 2006, o seu corpo foi trasladado para a Basílica do Rosário de Fátima, onde está sepultada ao lado da sua prima, Santa Jacinta Marto.

O processo de beatificação e canonização de Lúcia teve início em 2008, três anos após a sua morte. Na altura, o Papa Bento XVI dispensou o período de espera de cinco anos determinado pelo Direito Canónico.

Já em junho de 2023, o Papa Francisco aprovou a publicação do decreto que reconhece as “virtudes heroicas” da vidente de Fátima Lúcia de Jesus, abrindo caminho para a sua beatificação.

No dia de hoje, o Santuário de Fátima pede "pela beatificação da Venerável Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado", que considera "uma pessoa profundamente unida a Deus, uma mulher de oração e sacrifício, que sempre procurou cumprir a vontade divina".

"Por tudo isto, a vida da Irmã Lúcia é um legado para a Igreja e para o mundo, um exemplo de santidade através do amor e da oferta de si mesma a Deus", é notado.

Como foi noticiada a morte da Irmã Lúcia no estrangeiro?

A morte da irmã Lúcia foi noticiada em órgãos de comunicação social de todo o mundo.

Na edição on-line do jornal britânico Times foi feita referência, com base numa notícia da France Press, à morte da “última sobrevivente dos três pastorinhos que dizem ter visto a Virgem Maria numa série de aparições em 1917”.

O jornal brasileiro A Folha de São Paulo colocava a notícia na secção “mundo”, sem grande destaque, com o título “Testemunha da aparição da Virgem de Fátima morre”.

O espanhol El Mundo titulou “Irmã Lúcia, a última sobrevivente dos pastorinhos de Fátima”, colocando uma fotografia da vidente.

A estação televisiva britânica BBC, na sua página na Internet, realçou a morte da vidente de Fátima, escrevendo que a irmã Lúcia de Jesus dos Santos morreu no convento carmelita de Santa Teresa, em Coimbra, “onde viveu desde 1940”.

“As aparições tornaram Fátima um dos maiores locais de culto do catolicismo”, referia a BBC, que colocou um texto com 17 parágrafos sobre o assunto, acompanhando-o de uma fotografia da irmã Lúcia com o Papa João Paulo II.

A televisão norte-americana CNN realçou, na sua página da Internet, que Lúcia chegou a revelar a João Paulo II o terceiro segredo de Fátima, que versava sobre o atentado contra o Sumo Pontífice.

A CNN recordou ainda que uma das últimas visitas recebidas pela vidente de Fátima foi a do ator Mel Gibson, realizador do filme “A Paixão de Cristo”.

A agência de notícias italiana Ansa colocou a morte da irmã Lúcia em destaque na sua página da Internet.

A Ansa informava que o primeiro-ministro português, Santana Lopes, decidiu decretar luto nacional no dia em que o corpo da vidente foi transportado para a Sé Nova de Coimbra, onde se realizaram as exéquias.

Também as agências noticiosas EFE, Associated Press e France Press divulgaram a morte da religiosa portuguesa.

A espanhola EFE referiu que a vidente das “aparições marianas de Maio de 1917” faleceu com 97 anos.

“Os primos Francisco e Jacinta faleceram há muitos anos e desde 15 de novembro que os processos de canonização estão a decorrer no Vaticano”, lembrava a EFE sobre os restantes pastorinhos, entretanto canonizados (em 2017).

A France Press recordava a vida da irmã Lúcia e as várias vezes que os pastorinhos dizem ter visto a Nossa Senhora.

A Associated Press, que noticiou igualmente o falecimento, recordava que João Paulo II visitou por três vezes Fátima, tendo estado com a religiosa portuguesa na última visita em 2000.

Em Espanha, onde a religiosa viveu, todos os jornais, desde os generalistas El País, El Mundo, ABC ou La Vanguardia, até ao económico Expansion, deram espaço à morte de Lúcia.

Todos os jornais contaram o milagre da aparição da Virgem Maria aos três pastorinhos, assim como a vida enclausurada da irmã Lúcia.

Referiram também os segredos que Nossa Senhora de Fátima lhe confiou, sobretudo o terceiro, que previa o atentado sofrido pelo Papa João Paulo II em 1981, com o El Mundo a dedicar quase uma página ao tema, tratado pelos outros em menos espaço.

“Era uma santa em vida. Recolhida na sua clausura desde há mais de 80 anos, sem contacto com o exterior, mas sempre presente no imaginário colectivo de tantos cristãos peregrinos e devotos da Virgem de Fátima”, escrevia o El Mundo.

O jornal ABC recordava ainda uma das poucas vezes que Lúcia comunicou com o exterior, quando pediu ao mundo para “não ofender mais a Deus, que já está muito ofendido”.

*Com Lusa