A intenção de convocar o embaixador do Irão na capital iraquiana, Iraj Masjedi, foi avançada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque e acontece horas depois de Teerão ter disparado 22 mísseis sobre bases militares com tropas norte-americanas no território iraquiano.
“O Iraque é um país independente (…) e não vamos permitir que se torne num campo de batalha”, referiu a diplomacia iraquiana num comunicado, em que condena os ataques contra bases militares com forças iraquianas e “não iraquianas” destacadas.
Na nota informativa, o ministério iraquiano reforçou que a segurança interna do país é de máximo interesse e tem prioridade máxima, de modo que não irá permitir que o território iraquiano se transforme numa espécie de pátio para “agressões” ou para “prejudicar países vizinhos”.
A diplomacia iraquiana, que considera que a ação iraniana representa uma “violação da soberania” do Iraque, apelou ainda às partes envolvidas que exerçam um “autocontrolo” e trabalhem para reduzir a escalada da tensão na região do Médio Oriente.
O Irão lançou na noite de terça para quarta-feira, com início cerca das 01:30 locais (22:30 de terça-feira em Lisboa), uma salva de mísseis sobre bases com militares norte-americanos no Iraque em retaliação pela morte do seu mais importante general, Qassem Soleimani, num ataque em Bagdad ordenado por Washington na sexta-feira passada.
A televisão estatal iraniana avançou hoje que a ação desencadeada por Teerão contra as bases militares matou 80 norte-americanos, citando uma “fonte informada” junto da Guarda Revolucionária do Irão, mas os Estados Unidos não confirmaram quaisquer baixas.
Após o assassínio do general Soleimani em solo iraquiano, Bagdad também convocou o embaixador dos Estados Unidos para expressar a sua condenação ao raide norte-americano, que classificou igualmente como uma “violação da soberania” iraquiana.
O Governo do primeiro-ministro demissionário iraquiano, Adel Abdelmahdi, tem mantido boas relações tanto com os iranianos como com os norte-americanos, cujas tropas estão deslocadas no Iraque para lutar contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI).
O Presidente e o parlamento do Iraque também classificaram hoje o ataque de mísseis iranianos uma violação da soberania do país, tendo igualmente pedido que este não seja transformado num campo de batalha alheia.
Criticando o ataque em comunicados distintos, o chefe de Estado, Barham Saleh, disse “recusar de novo as repetidas violações da soberania iraniana”, enquanto o presidente do parlamento iraquiano, Mohammed al-Halbussi, considerou a operação “Mártir Soleimani” “uma violação iraniana da soberania iraquiana”.
Também hoje a missão de assistência da ONU no Iraque (UNAMI, na sigla em inglês) defendeu que o país “não deve pagar o preço de rivalidades externas”.
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