Os dois países, sem relações diplomáticas há mais de 40 anos, procuram um novo acordo sobre o programa nuclear do Irão depois que Trump ter retirado os Estados Unidos, durante seu primeiro mandato, de um pacto anterior sobre o tema.

Depois de uma primeira reunião em Omã na semana passada, o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e o ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, vão participar numa segunda rodada de negociações em Roma no sábado.

Neste contexto, fontes do governo Trump explicaram ao NYT que Israel tinha solicitado ajuda de Washington para efetuar um ataque em maio contra as instalações nucleares do Irão.

Segundo o New York Times, o plano e sua possível execução foram avaliados pelo governo dos Estados Unidos durante meses.

Porém, durante uma visita à Casa Branca do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na semana passada, Trump disse ao interlocutor israelita que não apoiaria um ataque.

Ao mesmo tempo, o presidente republicano anunciou de maneira surpreendente as negociações com o Irão sobre seu programa nuclear.

Desde a sua posse em janeiro, Trump intensificou a pressão contra Teerão, com mais sanções e ameaças de uma ação militar caso os países não alcancem um acordo sobre a questão.

Estados Unidos, Israel e outros países ocidentais consideram que o programa nuclear do Irão procura o desenvolvimento da bomba atómica, o que Teerão nega.

Na terça-feira, o diretor da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, disse que os iranianos "não estão longe" de conseguir uma arma atómica.

O relatório mais recente da agência da ONU indica, com "grave preocupação", que o Irão dispõe de 274,8 quilos de urânio enriquecido a 60% - o nível necessário para produzir uma bomba nuclear é de 90%.

Diretor da AIEA prossegue visita ao Irã após advertência sobre arma nuclear

O diretor da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, reúne-se esta quinta-feira  em Teerão com o diretor do programa nuclear iraniano, depois de alertar que a República Islâmica "não está longe" de conseguir a bomba atómica.

A visita coincide com os contactos diplomáticos entre Estados Unidos e Irão para tentar alcançar um acordo que limite o programa nuclear do Irã, submetido a sanções rigorosas que derrubam a economia do país.

Estados Unidos e Israel suspeitam que o objetivo do programa seria desenvolver armamento nuclear. Teerão responde que o seu objetivo é exclusivamente civil, principalmente para a geração de energia.

O diretor da AIEA, a agência da ONU responsável por verificar o caráter pacífico do programa, provocou preocupação na quarta-feira ao afirmar que o Irão não está longe de desenvolver a bomba atómica.

"É como um quebra-cabeça, eles têm as peças e um dia podem juntá-las. Ainda falta para isso. Mas não estão longe, é preciso admitir", disse em uma entrevista ao jornal francês Le Monde.

O diplomata argentino teve uma reunião na quarta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros Abbas Araqchi. Nesta quinta-feira, Grossi vai encontrar o diretor da Organização Iraniana de Energia Atómica, Mohamad Eslami, segundo a agência de notícias oficial IRNA.

"Criadores de problemas"

Araqchi, que também lidera a delegação iraniana nas negociações com Washington, celebrou na quinta-feira uma "discussão útil" com Grossi.

"Nos próximos meses, a agência pode desempenhar um papel crucial na resolução pacífica da questão nuclear iraniana", afirmou.

Mas na sua mensagem, o chanceler também alertou que "alguns criadores de problemas estão a reunir-se para provocar o descarrilamento das negociações".

A acusação pareceu direcionada às mudanças de posição da administração de Donald Trump.

O enviado do governo Trump, Steve Witkoff, defendeu na segunda-feira limitar as capacidades de enriquecimento de urânio do Irão, mas um dia depois pediu o desmantelamento total do programa, o que representa uma linha vermelha para Teerão.

As conversações, iniciadas na semana passada em Omã com a mediação deste sultanato, serão retomadas no sábado em Roma.

Antes de viajar a Itália, o chefe da diplomacia iraniana visitará Moscovo para abordar a questão e transmitir a Vladimir Putin uma mensagem do guia supremo do Irão, o aiatolá Ali Khamenei.

A Rússia era um dos países signatários do acordo internacional sobre o programa nuclear do Irã de 2015, que perdeu validade após a saída dos Estados Unidos em 2018, durante o primeiro mandato de Trump.

O texto previa a suspensão das sanções económicas e diplomáticas contra Teerão em troca da limitação do enriquecimento de urânio a um máximo de 3,67%.

Segundo a AIEA, o Irão manteve o compromisso até ao rompimento do acordo por Trump. No seu relatório mais recente, a agência afirma que Teerão dispõe de urânio enriquecido a 60%, próximo dos 90% necessários para produzir uma arma atómica.

Desde o seu regresso à Casa Branca, Trump intensificou a pressão contra o Irão e ameaça ordenar uma ação militar em caso de fracasso das negociações.

Contudo, segundo o jornal The New York Times, o presidente americano bloqueou recentemente um plano israelita para bombardear as instalações nucleares de Teerão.