Em entrevista à agência Lusa, o presidente do conselho de administração do IPO de Lisboa, Francisco Ramos, adiantou que, a partir de quinta-feira, o sistema de marcações de transporte vai ser reorganizado e será montada uma central no IPO, onde um conjunto de pessoas irá gerir os transportes, “sem retirar naturalmente algum direito às pessoas”.
“Aquilo que muda essencialmente é que as marcações passam a ser feitas pelo IPO e não pelas próprias pessoas [doentes]”, acrescentou.
Com esta medida, o IPO pretende “alguma racionalização e algum agrupamento de transporte de pessoas”.
“Aquilo que se passa hoje é que duas pessoas que venham de Mértola vêm em dois transportes diferentes. O que vai acontecer é que essas pessoas vão partilhar esse transporte, sem nenhum incómodo para as pessoas e naturalmente com uma poupança evidente para o IPO”, explicou.
“Tentaremos fazer agrupamentos com o máximo de racionalidade possível, claramente com preocupações de eficiência, para tentar obter poupanças sem prejudicar as pessoas. No fundo tentar gerir melhor esta situação para podermos melhorar o equilíbrio económico e financeiro do IPO que, como é conhecido, tem pressões com outras prestações, medicamentos, radioterapia”, reforçou.
Segundo Francisco Ramos, “há quatro, cinco anos” a despesa em apoio a transporte de doentes era da ordem dos três milhões de euros.
“Em 2016 atingiu os sete milhões de euros, praticamente duplicou, e é uma verba já muito avultada e que causa problemas ao equilíbrio orçamental”, disse o administrador.
Este aumento decorre de “uma alteração legislativa que introduziu uma série de restrições ao apoio do transporte de doentes, mas no caso da oncologia alargou a todos os doentes”.
Segundo Francisco Ramos, “o impacto não foi imediato, mas tem-se vindo a verificar todos os anos um crescimento muito sério. No IPO de lisboa isso verifica-se mais porque é o hospital de referência para todo o sul do país”.
Isto quer dizer que, “com muita frequência, temos veículos de transporte de doentes praticamente de todos os concelhos abaixo do Mondego nas instalações do IPO”.
Até agora, e quando o doente tem na sua posse uma declaração médica que atesta o seu direito a esse apoio ao transporte, era este que realizava a marcação e o agendamento.
“Esse sistema tem-se revelado pouco eficiente”, adiantou, especificando que a despesa nesta área refere-se, na maioria, aos bombeiros e “a pouquíssimas empresas de transporte de doentes”.
Ainda sem estimativas do volume de poupança que a nova medida poderá gerar, Francisco Ramos referiu que um valor na ordem dos 10% (700 mil euros por ano) já era bem-vindo.
“Esta é uma alteração que visa poupar dinheiro sem prejudicar o direito dos doentes de verem o seu transporte comparticipados”, concluiu.
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