"Foi feito um esforço, em termos de aval pessoal dele e da esposa, em termos de coleções e não sei que mais...", disse Manuel de Oliveira Rego, da Oliveira Rego & Associados, sobre as garantias dos empréstimos a Joe Berardo, durante uma audição na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, no parlamento, em Lisboa.
Sem nomear diretamente o empresário, o anterior responsável acrescentou ainda que "houve realmente um esforço no sentido de colmatar essa queda, que foi abrupta", lembrando que as ações do BCP se transformaram "muito rapidamente de 16 euros para um euro".
"Os prejuízos resultam fundamentalmente disto", assegurou.
O ex-revisor de contas da CGD disse ainda que "se realmente o colateral é constituído pela própria ação que está a ser financiada, o risco da compra da ação é transferido diretamente para o banco", considerando que este tipo de risco "é o mais elevado".
"As garantias não eram aquelas que eram adequadas, estavam abaixo dos 120% de cobertura do empréstimo" mas, "nesse período, não chegavam a isso" também noutros créditos.
Manuel de Oliveira Rego disse que houve "um certo facilitismo" no banco público, porque "a Caixa realmente queria atividade".
"Isso concorria para que tivesse os juros que teve", bem como "imparidades e provisões", o que também fazia com que "os colaterais tivessem uma desvalorização".
Quando questionado pela deputada do BE Mariana Mortágua se foram constituídas imparidades para estas garantias, Manuel de Oliveira Rego respondeu afirmativamente, referindo que "foram sendo constituídas de acordo com a desvalorização [das ações] que se foi verificando".
"Nós insistimos no sentido de que essas garantias fossem reforçadas, quer por garantias reais, e às vezes foram, quer por garantias pessoais, e às vezes foram", garantiu.
Pedro Miguel Bastos, sócio da Oliveira Rego & Associados, afirmou ainda na audição não ter conhecimento de que o registo de imparidades na CGD tenha sido adiado ao longo do tempo.
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