“Há efetivamente muita semelhança porque as vulnerabilidades da Grécia são parecidas com as dos países do sul da Europa”, disse à agência Lusa o ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses e da Escola Nacional de Bombeiros, a propósito dos fogos que lavraram na Grécia e já provocaram 74 mortos e 187 feridos.
Entre as vulnerabilidades, avançou Duarte Caldeira, estão as alterações climáticas, ausência de políticas de ordenamento do território, dificuldade das populações em lidar com situações desta gravidade devido à ausência de estratégias de autoproteção e debilidade dos dispositivos de aviso e alerta.
O também presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil (CEIPC) e coordenador do curso em Emergência e Proteção Civil da Universidade Nova de Lisboa afirmou que, tal como aconteceu em Pedrógão Grande no ano passado, a população entrou em pânico e morreu ao fugir do fogo sem ter instrumentos de orientação.
Nesse sentido, o especialista defendeu a necessidade de se investir nos avisos e alertas às populações atempadamente, tendo em conta que, em muitas das situações, “não há força humana que consiga controlar” o incêndio, sendo, por isso, fundamental que as pessoas saibam o que devem fazer e como agir perante um cenário de risco.
No caso português, Duarte Caldeira destaca os projetos “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras”, mas considerou que “há todo um resto da população que não sabe como lidar com o risco de incêndio florestal”.
O investigador na área da proteção Civil defendeu também que os incêndios florestais têm de começar a ser tratados não como “um problema de um outro país”, mas “sim de uma região”.
Nesse sentido, sublinhou que o Mecanismo Europeu de Proteção Civil deve ser reforçado como “instrumento indispensável de resposta aos países da União Europeia”.
Duarte Caldeira considerou ainda que uma das debilidades do dispositivo de combate a incêndios identificadas há muito tempo na Grécia é a ausência de meios terrestres, tendo, em contrapartida, um grande número de meios aéreos.
Esta terá sido a razão para que a Grécia tenha pedido ao Mecanismo Europeu de Proteção Civil meios terrestres especializados.
Em resposta, Portugal já anunciou que vai enviar, entre hoje e quarta-feira, 50 elementos da Força Especial de Bombeiros (FEB).
Os incêndios que devastaram os arredores de Atenas provocaram pelo menos 74 mortos, número que ainda não é definitivo, já que cerca de uma centena de bombeiros continuam à procura de eventuais vítimas do fogo, que aconteceu numa zona balnear da costa este da Ática invadida pelas chamas na segunda-feira à tarde.
O Governo de Alexis Tsipras pediu ajuda internacional na noite de segunda-feira, tendo já alguns países respondido com meios de apoio, nomeadamente Portugal.
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