De acordo com as imagens, difundidas pela Maxar Technologies, veículos militares e de segurança estão estacionados no Centro de Desportos da Marinha de Shenzhen, na fronteira com Hong Kong.
Um comunicado da polícia chinesa, difundido pela imprensa, informou que mais de 12 mil polícias estão reunidos em Shenzhen, para exercícios antimotim. Os exercícios são parte dos preparativos de segurança para o 70.º aniversário da República Popular da China, em 01 de outubro.
“O exercício será realizado para aumentar o moral das tropas, praticar e preparar a segurança das celebrações e manter a segurança política nacional e a estabilidade social”, disse a polícia.
Também a imprensa oficial chinesa advertiu que os manifestantes em Hong Kong caminham para “a autodestruição”, ao mesmo tempo que são divulgados vídeos com veículos militares a aproximarem-se da fronteira da cidade.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu na rede social Twitter que foi informado pelos serviços secretosnorte-americanos de que tropas chinesas estão a ser transferidas para a fronteira com Hong Kong.
Na terça-feira, a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, disse à imprensa que “atividades ilegais em nome da liberdade” estão a prejudicar o Estado de Direito na região administrativa especial chinesa, e que a recuperação do centro financeiro asiático pode demorar muito tempo.
O Governo chinês afirmou esta semana que há “sinais de terrorismo” nos protestos antigovernamentais em Hong Kong, agravando assim o tom sobre as manifestações.
Entre a opinião pública chinesa, exposta nos últimos dias a uma intensa campanha mediática sobre os manifestantes em Hong Kong, repetem-se os apelos, através das redes sociais, para uma intervenção das forças armadas chinesas no território.
Inicialmente, as autoridades chinesas optaram por censurar qualquer informação sobre os protestos, que decorrem há dez semanas, mas, nos últimos dias, optaram por caracterizá-los como tumultos violentos, perpetuados por mercenários pagos por forças externas.
Críticas aos manifestantes e demonstrações de apoio a uma intervenção do exército são hoje quase o único tópico partilhado por utilizadores do Wechat, a principal rede social da China. Facebook, Twitter ou Instagram estão banidos da rede chinesa, a maior do mundo, com cerca de 710 milhões de utilizadores.
Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica, enquanto pedem a demissão de Carrie Lam e a eleição de um sucessor por sufrágio universal direto, e não nomeado pelo Governo central.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio de “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
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