“O diretor nacional da PJ, Luís Neves, afirma que o sentimento de insegurança é gerado pelo aumento da desinformação. Mas usou ele próprio dados truncados de criminalidade para lançar confusão”, escreveu Rui Rocha na rede social X (antigo Twitter).

Na mesma mensagem, Rui Rocha acrescenta que a IL “vai chamar Luís Neves à Assembleia da República para prestar esclarecimentos”, frisando depois que “a política de segurança tem de ser construída sobre factos”.

Na sexta-feira, numa conferência sobre os 160 anos do Diário de Notícias, o diretor nacional da PJ afirmou que o sentimento de insegurança é gerado pelo aumento da desinformação e ameaças híbridas e defendeu que os números de criminalidade violenta desmentem essa ideia.

“Estamos a assistir a um momento de desinformação e ameaças hibridas, e é isso tudo que leva a fundamentar a perceção de insegurança”, considerou.

Depois, avançou com exemplos em concreto para sustentar a sua tese.

“Alguém se recorda dos anos 80 e 90 do consumo de heroína em que não havia família que não tivesse um familiar que tivesse sofrido? Ou Arroios e Intendente [em Lisboa] em que não se podia lá entrar? Querem comparar esses períodos com o período em que hoje vivemos e dizer que hoje é que é mau?”, perguntou.

Luís Neves aludiu a números de 2009, quando se verificaram 888 ataques a carrinhas de segurança e transportes de valores, bancos ou postos de combustíveis.

“Hoje não temos 4% desses ataques”, contrapôs.

Sobre estrangeiros e criminalidade, Luís Neves distinguiu os casos que estão relacionados com “organizações criminosas transnacionais, cibercrime ou estupefacientes”, bem como “criminalidade contra o património” que tem conexões internacionais.

“Não são imigrantes” os envolvidos nesses casos, sustentou, salientando ainda que Portugal é porta de entrada da UE para quem vem da América Latina e África e as prisões portugueses refletem a presença de “mulas” de transporte de droga que, normalmente, “são pessoas pobres”.

“Prendemos por ano [este tipo de casos] às dezenas e às vezes às centenas”, disse.

Olhando para os detidos em Portugal, Luís Neves referiu que, excluindo os oriundos de países europeus, africanos e latino-americanos – que estão relacionados com crimes que nada têm a ver com imigrantes -, os valores são muito baixos.

Nas prisões portuguesas há 120 pessoas de países asiáticos num universo de mais de 10 mil reclusos, acrescentou.