As cenas de violência demoraram um par de horas, com os manifestantes a arremessarem tijolos e bombas incendiárias sobre as forças de segurança e com a polícia a responder com gás lacrimogéneo e canhões de água.
Para trás, nas ruas, ficou um cenário de destruição, com o jornal South China Morning Post a noticiar que os manifestantes também causaram alguns focos de incêndio junto do quartel-general da polícia em Wan Chai, também no centro da cidade.
Tanto em Kowloon como na ilha de Hong Kong, as pessoas saíram à rua apesar de nenhum protesto ter sido autorizado pela polícia, que alegou razões de segurança para negar a iniciativa que era promovida pela Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH) que pretendia assinalar os cinco anos em que Pequim recusou o sufrágio universal aberto em Hong Kong.
Uma das formas para contornar a proibição policial passou pela realização de uma manifestação ‘religiosa’, o que segundo os organizadores dispensa uma autorização das autoridades.
A iniciativa decorreu de forma pacífica e foi aquela que mobilizou mais pessoas, que voltaram aos milhares às ruas para exigirem, entre outras reivindicações, o sufrágio universal no território.
A semana foi marcada também pela detenção de ativistas e deputados do parlamento de Hong Kong. Mas não só.
Nos últimos dias, a polícia deixou de fazer policiamento a pé pelas ruas para evitar quaisquer emboscadas às forças de segurança. Esta semana, um ativista foi atacado com tacos de basebol por homens com o rosto tapado. Um polícia foi alvo também de um violento ataque com uma faca à saída de um turno, na sexta-feira.
Desde junho, mais de 800 manifestantes foram detidos, numa escalada de violência associada também a um impasse político, com a chefe do Governo a admitir chamar a si poderes reforçados face à situação de emergência que se vive no território e com a China a estacionar tropas na cidade vizinha de Hong Kong, Schenzen.
As reações às detenções em Hong Kong não tardaram. O Presidente dos Estados Unidos pediu à China que “aja com humanidade” para resolver o dilema de Hong Kong.
A União Europeia sublinhou a sua preocupação face aos últimos desenvolvimentos na ex-colónia britânica e a Amnistia Internacional criticou duramente a série de detenções efetuadas nos últimos dias.
Os manifestantes apresentam cinco reivindicações: a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão da chefe de governo Carrie Lam e sufrágio universal nas eleições para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei da extradição garantem estar agora em causa.
Tal como acontece com Macau, para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário. O Governo central chinês é responsável pelas relações externas e defesa.
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