A rainha de Inglaterra, o príncipe de Gales e o duque de Cambridge instruíram Harry e Meghan, membros seniores da família real, a trabalharem com os governos do Reino Unido e do Canadá para encontrarem novos papéis dentro de "dias, não semanas", diz o The Guardian.
Isabel II, o príncipe Carlos e William estiveram reunidos esta quinta-feira após o anúncio dos duques de Sussex, que pretendem dividir o seu tempo entre o Reino Unido e a América do Norte.
A família real espera portanto que uma resolução, na forma de um plano totalmente elaborado e acordado, possa ser anunciada dentro de alguns dias para ajudar a alcançar as ambições do casal por novos papéis "progressistas", escreve o jornal britânico. Contudo, o Palácio de Buckingham reconheceu que há "questões complicadas a serem resolvidas".
Refere-se agora que os duques de Sussex foram instados a não divulgar publicamente os planos. Pouco antes do Natal, Harry terá entrado em contacto com o pai, o príncipe de Gales, para permanecer mais tempo no Canadá, onde se encontrava com a mulher e o filho. Contudo, foi-lhe dito que era necessário elaborar um plano, tendo o duque de Sussex enviado um rascunho da proposta. Mesmo assim, era necessário refletir sobre o assunto, incluindo a questão financeira.
Segundo a imprensa, Harry e Meghan terão enviado uma cópia da sua declaração a Carlos e a William cerca de 10 minutos antes de lançá-la no Instagram, sem fazer qualquer telefonema — pelo que se acredita que a mensagem não foi vista a tempo e, por isso, divulgada sem o conhecimento da restante família real britânica.
Até ao momento, não há qualquer indicação de como o casal se pretende tornar financeiramente independente, mas Meghan dirigiu-se já para o Canadá.
"Posso confirmar as informações de que a duquesa está no Canadá", disse à AFP uma porta-voz dos duques de Sussex, sem especificar quando Meghan deixou o Reino Unido, ou onde Harry se encontra neste momento.
O futuro de Harry e Meghan
Com o futuro ainda incerto, são já algumas as hipóteses apresentadas para que os duques de Sussex possam subsistir financeiramente se optarem por um corte definitivo com a família real. Segundo a Reuters, o casal tem potencial para ganhar dinheiro em áreas que vão desde compromissos de moda e palestras até à formação da sua própria produtora.
"A marca Sussex é uma marca global e pode acabar a ganhar uma fortuna absoluta, desde aparições em público a Meghan a reinventar o seu blog, passando pelo merchandising e [parcerias com] outras marcas", explicou Nick Bullen, editor-chefe da True Royalty TV.
Além de Meghan poder voltar a ser atriz, o casal pode também criar uma empresa de produção independente para fazer programas de televisão, documentários, podcasts ou filmes, na linha da empresa Higher Ground, formada pelo ex-presidente dos EUA Barack Obama e pela sua esposa Michelle.
"Os Obama são um ótimo modelo de como ganhar dinheiro. Os duques podem encontrar projetos em andamento e, por vezes, Meghan pode entrar neles. Se for um documentário, talvez Harry possa narrá-lo", referiu o estrategista de relações públicas de Hollywood Howard Bragman, citado pela Reuters.
Falar em público também será uma opção a avaliar pelo casal, uma vez que é prática crescente — e lucrativa — na América do Norte. "Os palestrantes de grandes nomes saem-se bem no que toca a fazer aparições ou discursos em grandes eventos. Se optarem por esse caminho, serão considerados como palestrantes de topo", disse Jeff Jacobson, co-fundador do Talent Bureau, com sede no Canadá.
O facto de serem figuras acarinhadas pelo público e seguidas no Instagram também pode ajudar na nova vida. Meghan tem já uma influência considerável no mundo da moda e, por isso, pode fazer parcerias com grandes marcas. Por outro lado, esta presença nas redes sociais não é ainda um factor seguro, uma vez que o casal enfrenta a concorrência de grandes nomes, com mais seguidores.
"Harry e Meghan têm 10 milhões de seguidores no Instagram, o que é eclipsado pelos likes de Cristiano Ronaldo, que tem perto de 200 milhões, explicou Jeetendr Sehdev, autor de "The Kim Kardashian Principle" e especialista em branding. Fazer com que as pessoas sigam figuras públicas numa rede social significa que se deve ser "sincero, destemido e transparente", o que é "um desafio para a família real, porque sempre tentaram ser as pessoas mais neutras", frisou.
"A marca Meghan e Harry é como uma startup. Há muito potencial, mas ainda não há valor comprovado", acrescentou Sehdev. "Mas se Harry e Meghan ligarem e disserem: 'Ei, gostaríamos de ter uma reunião para falar sobre um projeto', quem não vai a essa reunião?", rematou.
O anúncio
Harry e Meghan anunciaram na quarta-feira que “depois de muitos meses de reflexão e discussões internas, decidimos fazer uma transição este ano para começarmos a construir um novo papel progressivo nesta instituição. Queremos recuar enquanto membros seniores da família real [do Reino Unido] e trabalhar para nos tornarmos financeiramente independentes”.
Os duques de Sussex vão dividir o tempo entre o Reino Unido e os Estados Unidos da América, de onde é natural a mulher do príncipe Harry, Meghan Markle.
Sobre o futuro adiantam apenas que estão "ansiosos por partilhar todos os detalhes desta entusiasmante etapa em curso, da mesma forma que continuamos a colaborar com Sua Majestade a Rainha, o Príncipe de Gales, o Duque de Cambridge e todas as partes relevantes. Até lá, aceitem por favor a nossa gratidão pelo vosso apoio de sempre", pediram.
A decisão de Harry e Meghan — que apanhou não apenas o mundo, mas a família real de surpresa — deixa várias questões em aberto. Em comunicado ontem divulgado, o Palácio de Buckingham fez saber que as discussões sobre o futuro do príncipe Harry e da sua esposa, Meghan, estão em discussão inicial.
Dickie Arbiter, ex-secretário de imprensa da rainha, levantou algumas, como: quem garante a segurança do casal daqui por diante e a quem cabe pagar pela mesma?
O analista Graham Smith considera que a decisão "levanta questões sobre o futuro na monarquia" e levantará questões entre os contribuintes sobre como será sustentado o casal daqui para a frente. Mais acrescenta que o simples facto de neste comunicado assumirem que não são financeiramente independentes é "incrivelmente grosseiro".
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