“Há várias interrogações que se mantêm e que continuam por ter resposta”, disse o eleito do CDS-PP, João Gonçalves Pereira, em declarações à agência Lusa.

O autarca falava no final da reunião privada de hoje, na qual foi divulgado, no período antes da ordem do dia, o relatório da auditoria feita ao concurso da Segunda Circular, que admite influência do projetista.

Esta conclusão levou o presidente da autarquia, Fernando Medina, a enviar o caso para o Ministério Público.

Em setembro do ano passado, a Câmara de Lisboa anulou o concurso da Segunda Circular e abriu um inquérito para averiguar eventuais conflitos de interesses, detetados pelo júri do procedimento, por parte de um projetista que também comercializa a mistura betuminosa que iria ser usada no piso.

“Ainda não li o relatório, apenas ouvi uma explicação da comissão de inquérito, mas há ali questões que têm de ser esclarecidas, como a matéria de exclusividade de fornecimento daquele produto”, reforçou João Gonçalves Pereira.

O autarca criticou também a forma como a maioria socialista no executivo apresentou os resultados à oposição.

“Isto não é modo de fazer as coisas. Não era um assunto que estava agendado e a Câmara não permitiu discussão nem perguntas”, assinalou.

Para João Gonçalves Pereira, “isto devia ter sido discutido numa reunião pública porque não é um processo qualquer”.

“A Câmara está com medo de quê?”, questionou.

Posição semelhante manifestou o vereador social-democrata António Prôa.

“Fiquei muito surpreendido e, até, indignado. Foi uma falta de respeito para com os vereadores trazer aquele assunto de surpresa”, afirmou o eleito do PSD à Lusa.

Também para o vereador comunista Carlos Moura “é muito criticável a forma como a maioria PS levou a cabo a gestão deste tema”.

“Sem que ninguém o soubesse, sem que ninguém o esperasse… Não é uma atitude que possa ser considerada muito construtiva”, assinalou.

O documento deverá estar em apreciação numa próxima reunião camarária.

Na reunião de hoje, o executivo municipal aprovou, por unanimidade, a contratação de uma empreitada para reabilitação dos viadutos de Pedrouços, a criação de um grupo de trabalho para a promoção da acessibilidade na rede de transporte público a pessoas com mobilidade condicionada, a cessação de um contrato celebrado em 2012 com uma empresa privada sobre um parque aventura na Quinta do Narigão, a abertura de um concurso para apoiar projetos ocupacionais para sem-abrigo e ainda a celebração de um protocolo com a Associação Crescer na Maior para concretizar o projeto “É um Restaurante”, também destinado a sem-abrigo.

Igual votação teve a construção de uma creche municipal nos Olivais.

Por maioria, aprovou-se o lançamento de um concurso público para a segunda operação do Programa Renda Acessível, que envolverá 70 apartamentos na Rua Gomes Freire, assim como a contratação de uma empreitada para construção do parque verde no qual vai nascer a nova Feira Popular, em Carnide.

Adiadas foram as propostas referentes às alterações pedidas pelo promotor ao loteamento dos Jardins Braço de Prata e à contratação de uma empreitada para construção do Parque Ribeirinho Oriente, visando reconverter a área da Matinha, Braço de Prata e Doca do Poço do Bispo em zonas de lazer.