“Estou aqui para soar o alarme sobre a necessidade de um apoio internacional massivo devido às dificuldades humanitárias que este país enfrenta, para reforçar a capacidade de segurança da Somália, e para a sua estabilidade e desenvolvimento”, afirmou Guterres durante uma conferência de imprensa conjunta em Mogadíscio com o Presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud.
“Embora os somalis não tenham contribuído praticamente nada para a crise climática, estão entre as suas principais vítimas”, disse Guterres, que salientou que as emissões de gases poluentes da Somália representam apenas 0,003% das emissões globais.
A visita de Guterres – que viaja todos os anos para um país de religião maioritariamente muçulmana durante o Ramadão — surge depois de a ONU ter pedido à comunidade internacional, em fevereiro passado, 2,6 mil milhões de dólares para responder às necessidades humanitárias da Somália, que está a sofrer a pior seca na região do Corno de África das últimas quatro décadas.
De acordo com a ONU, cerca de cinco milhões de somalis estão atualmente com “elevados níveis de insegurança alimentar aguda”.
No entanto, a ONU apenas conseguiu angariar 15% dos fundos de que necessita para apoiar aquele país, lamentou hoje Guterres.
O Presidente da Somália, por sua vez, reconheceu que este é um “momento difícil” para o seu país e manifestou “profundo apreço” pela solidariedade de Guterres e da ONU para com o povo e o governo somali.
Hassan Sheikh Mohamud realçou também que, apesar dos desafios, a Somália “está a fazer progressos” e “a libertar o país do flagelo do terrorismo internacional”, depois do seu governo ter anunciado uma “guerra total” contra o Al Shebab, no passado mês de agosto.
O exército somali, apoiado pelos aliados, reconquistou, desde agosto, um terço dos territórios ocupados pelo grupo terrorista, segundo disse o embaixador dos EUA na Somália, Larry Andre, em março.
Mas o Al Shebab, que se juntou à rede terrorista Al Qaeda em 2012, continua a controlar as áreas rurais do centro e sul da Somália.
O grupo terrorista realiza frequentemente ataques em Mogadíscio e outras partes do país para desestabilizar o governo central – apoiado pela comunidade internacional – e estabelecer um estado islâmico ultraconservador, ao mesmo tempo que ataca países vizinhos como o Quénia e a Etiópia.
O país encontra-se em estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando a Somália sem um governo eficaz e nas mãos de milícias e senhores da guerra islâmicos.
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