Segundo vídeos difundidos nas redes sociais, elementos da Guarda Nacional Bolivariana lançaram gás lacrimogéneo e foram empurrando a comitiva no túnel de La Cabrera, que une os Estados de Aragua e Carabobo.
Numa das gravações, é possível ver o deputado Richard Blanco a pedir, aos gritos, aos funcionários que permitam a passagem da comitiva e a perguntar se encontram com facilidade alimentos e medicamentos.
“Na entrada de La Cabrera um grupo militar parou-nos com um comboio, mas vamos ultrapassar as armadilhas”, afirmou mais tarde em declarações que tiveram eco na televisão ‘online’ VPI.
Outras imagens mostram os deputados a atravessar a pé o túnel, mas de imediato autocarros nos quais se faziam transportar usaram o sentido inverso para ultrapassar o bloqueio.
No mesmo túnel, um camião foi travado e, de acordo com algumas informações, elementos da Guarda Nacional Bolivariana tentaram furar os pneus com facas.
“Isto é uma tentativa de homicídio, não é possível os nossos polícias chegarem a isto. Este trabalho também o estamos a fazer para vocês”, declarou a deputada Mariela Magallanes citada pela agência Efe.
Os deputados partiram na manhã de quarta-feira de Caracas, capital do país, com destino ao Estado de Táchira, fronteiro com Colômbia, para liderar a entrada de ajuda humanitária que se acumula na cidade colombiana de Cúcuta e que servirá para aliviar a crise que o país enfrenta.
O confronto de hoje acontece numa altura em que se aproxima a data-limite (sábado) anunciada pelo autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, para a entrada de ajuda humanitária internacional no país.
Apesar da rejeição do Governo de Nicolás Maduro, que considera esta entrada de ajuda humanitária um pretexto para lançar uma invasão armada, há cerca de 700 mil voluntários disponíveis para acolher, em vários postos fronteiriços, ajuda dos Estados Unidos e do Brasil.
A crise política na Venezuela, onde vivem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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