“Em relação à contraofensiva, é uma artimanha de [Volodymyr] Zelensky (Presidente ucraniano). A contraofensiva já está a todo vapor”, disse Yevgueni Prigojin, num áudio divulgado no seu canal no Telegram.
Segundo o líder do Grupo Wagner, o Exército ucraniano “ataca pelos flancos na frente Artiomovsk [nome russo para Bakhmut, na província de Donetsk, leste do país] e, infelizmente, em alguns lugares com sucesso”.
“Como já disse muitas vezes, o plano do exército ucraniano já está em andamento, nós esmagamo-los e eles esmagam-nos”, afirmou, em relação à mais longa e sangrenta batalha na Ucrânia.
Zelensky admitiu hoje que o seu país precisa de mais tempo para lançar uma contraofensiva contra as forças russas, enquanto o seu exército aguarda a entrega da ajuda militar prometida pelos seus aliados ocidentais.
Em entrevista a emissoras de serviço público do Eurovision News, Zelensky destacou que as brigadas de combate, algumas das quais treinadas por países da NATO, estão prontas, mas que o Exército ainda precisa de “algumas coisas”, incluindo veículos blindados.
O esperado ataque pode ser decisivo na guerra e também um importante teste para a Ucrânia, que busca mostrar que as armas e equipamentos que recebeu do Ocidente podem levar a ganhos significativos no conflito.
Enquanto isso, as tropas russas fortaleceram as suas defesas ao longo de uma linha de frente de cerca de 1.450 quilómetros, desde as regiões orientais de Lugansk e Donetsk, até Zaporijia e Kherson, no sul.
Prigojin prevê que as forças ucranianas tentarão romper a frente em Bakhmut e depois atacarão “Bryansk, Belgorod, com a entrada em território russo, e Zaporijia [sul da Ucrânia]”.
“Eles precisam primeiro resolver tudo em Artiomovsk, com o Grupo Wagner, acabar com esta história e depois aproveitar o espírito de combate renovado e avançar para Zaporijia, Briansk, Belgorod”, insistiu.
Prigojin afirmou que todas as unidades formadas no Ocidente já receberam os equipamentos, armas, tanques e tudo o necessário e já estão a participar na contraofensiva.
“Eles já estão totalmente envolvidos e depois de testarem a sua força e aquecerem seus músculos, eles irão para o norte e para o sul”, alertou.
Enquanto isso, de acordo com o líder mercenário, o Grupo “Wagner continua a cumprir as suas missões de combate com um terrível défice de munições, pois o Ministério da Defesa [russo] quebrou todas as promessas”.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 441.º dia, 8.791 civis mortos e 14.815 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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