As declarações dos dirigentes italianos foram feitas em conferência de imprensa após o conselho de ministros e surgem depois de a agência de notação financeira Moody’s ter revisto em baixa, na sexta-feira à noite, a nota de Itália, passando-a de “Baa2″ para “Baa3″, o último nível da categoria de investimento.

“O mais importante é explicar o orçamento aos nossos interlocutores europeus”, declarou o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, enquanto os dois vice-primeiros-ministros, Matteo Salvini (extrema-direita) e Luigi Di Maio (antissistema), disseram que o país não quer renunciar ao euro.

“Não há qualquer vontade de sair da União Europeia ou da moeda única. Estamos bem na UE”, disse Salvini, antes de ceder a palavra a Di Maio, que assinalou que, “enquanto o governo durar, não haverá intenção de sair da UE ou da zona euro”.

A Comissão Europeia anunciou ter pedido a Itália uma clarificação sobre o projeto de orçamento entregue esta semana em Bruxelas, proposta que se desvia das regras europeias.

O governo liderado por Comte prevê um défice de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019, quando o anterior governo de centro-esquerda tinha antecipado um défice de 0,8% para o próximo ano. O desvio deve-se à intenção do governo de cumprir promessas eleitorais que exigem um aumento da despesa pública, contrariando os compromissos assumidos com a UE.

O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, entregou na sexta-feira ao ministro da Economia e Finanças de Itália, Giovanni Tria, uma carta com as dúvidas da Comissão Europeia em relação ao projeto de orçamento italiano.

A derrapagem italiana “não tem precedentes na história do Pacto de Estabilidade e Crescimento”, escreveu a Comissão Europeia, nos excertos da carta divulgados, pedindo a Itália para responder às suas observações até segunda-feira.

O comissário explicou que a carta expõe as inquietações da comissão sobre o défice estrutural de Itália, a sua elevada dívida pública, que supera 130% do PIB e a necessidade de o país fomentar o crescimento económico.

“O clima que temos na Europa é um clima de diálogo e disponibilidade e reiteramos que estamos confortáveis na Europa”, indicou Conte.

“Estamos convencidos que não inflacionámos os números”, acrescentou, em alusão às previsões governamentais de crescimento (1,5% para 2019), consideradas demasiado otimistas, quando a maior parte dos observadores, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), antecipam um crescimento de 1% no próximo ano.