Os números são avançados à agência Lusa pela presidente do Conselho Diretivo da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho, num balanço de quatro anos de trabalho, quando está de saída do cargo que desempenhou desde 2021, para assumir o lugar de deputada do PS pelo círculo da Guarda.

A arte rupestre do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), que conta 1.600 rochas, em mais de 80 sítios distintos, com manifestações paleolíticas, executadas há cerca de 25 mil anos, a investigação arqueológica permanente, que permite novas descobertas, partilháveis com o público, e as exposições do Museu do Côa, em que a arte contemporânea tem sido dominante, da coleção do Estado, a mostras dedicadas a Paula Rego e Graça Morais, constituem fatores de mobilização, que se reflete sobretudo no aumento do número de visitantes.

Aida Carvalho começou exatamente por destacar essa evolução: 120 mil visitantes, em 2024, o melhor ano de sempre na história dos dois equipamentos, num crescimento regular desde os 80 mil de 2021.

“Faço um balanço bastante positivo destes quatro anos e três meses, desde que tomei posse em 22 março de 2021, como presidente do Conselho Diretivo da Fundação Côa Parque", disse a dirigente, em entrevista à agência Lusa. "Este percurso foi coletivo com uma equipa que me acompanhou, e este resultado traduz-se em números", com este organismo a ter "mais projetos aprovados a nível nacional e internacional”.

Aida Carvalho destacou dois projetos aprovados pelo programa Europa Criativa - um ligado à arte contemporânea e outro à promoção da arte pré-histórica - com a fundação integrada em dois consórcios internacionais "fortes e com reconhecimento".

No campo financeiro, o aumento de visitantes também se refletiu no aumento de receitas próprias da Fundação Côa Parque, tanto em vendas como em entradas.

Comparando resultados de 2021 e 2025, a faturação da bilheteira cresceu 54% e “a loja oficial do Museu, que é um ponto de venda de referência regional, registou um saldo positivo na ordem dos 75%", segundo a responsável.

"Ou seja", na loja do museu, "passámos de uma faturação anual na ordem dos 65 mil euros, para 114 mil”, indicou.

Na bilheteira, de um resultado de 214 mil euros anuais, em 2021, atingiram-se 329 mil em 2024. "Isto traduz-se num crescimento bastante positivo, constante, que permite à fundação executar mais e melhor os seus projetos”, disse a responsável.

Quanto ao número de visitantes, "apesar de ainda não terem sido apurados os números de 2025", e de o ano ainda nem estar a meio, o crescimento mantém-se, "sendo mesmo muito positivo", prevendo-se "o melhor ano de sempre", disse.

No momento de saída, Aida Carvalho garante à Lusa que deixa uma instituição “consolidada, quer na agenda nacional e internacional", com "um futuro promissor".

Quando questionada, sobre o que mais a marcou nestes últimos quatros, à frente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho sublinhou a possibilidade de congregar agendas nas áreas do ambiente, da ciência, do turismo e da cultura.

“Todas estas valências têm de ser levadas em simultâneo, articulando uma como as outras, fazendo com que sejam harmonizadas, numa só agenda. São tarefas por vezes árduas e nem sempre correm da melhor maneira”.

Dos desafios colocados, o destaque vai para as bolsas de investigação em ambiente não académico. O Côa tem cerca de 32 bolsas.

Outro desafio foi a integração do Museu na Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (REPAC), destacando as grandes exposições de João Cutileiro, Graça Morais e Paula Rego.

No parque arqueológico, Aida Carvalho recordou as mais recentes descobertas no Vale do Côa, estabelecendo uma linha de continuidade em expressão artística, desde há mais de 25 mil anos.

A dirigente disse à Lusa que, ao nível das descobertas efetuadas nos últimos anos parque arqueológico, a que mais a marcou foi a identificação das pinturas rupestres datadas do Mesolítico.

“Isto veio provar que o homem gravou e pintou no xisto do vale do Côa de forma contínua e sem interrupção, nesta que é a maior galeria do mundo de arte rupestre no mundo a céu aberto ”, frisou.

Um concurso para 14 novos postos de trabalho na Fundação Côa Parque foi também autorizado este ano, pelo Ministério das Finanças.

Em jeito de despedida, Aida Carvalho, disse que a breve prazo haverá novidades em relação à chamada “Arte do Côa”, já que o Vale do Côa é visto na agenda internacional como um local de referência, onde é possível articular ciência, cultura, turismo e conhecimento.

A agência Lusa não obteve resposta do Ministério da Cultura, sobre o processo de transição da liderança da Côs Parque.

* Por Francisco Pinto, da agência Lusa