Depois de ter retirado a vida a 64 pessoas e provocado mais de 200 feridos, o fogo em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, encontra-se dominado desde a tarde de quarta-feira, de acordo com o comandante operacional da Proteção Civil Vítor Vaz Pinto.
Depois de já ter tido cinco frentes ativas, o incêndio em Góis, no distrito de Coimbra, encontrava-se na madrugada de hoje com uma frente ativa, com 400 metros de extensão, disse o comandante operacional Carlos Luís Tavares, perspetivando que o fogo tivesse dominado até à manhã de hoje, uma vez que o combate às chamas estava a decorrer de forma "muito favorável".
Apesar de a tragédia ser ainda recente, os sinais da reconstrução do que foi destruído pelas chamas em Pedrógão Grande já se notam, desde a substituição do alcatrão da “estrada da morte” ao corte de árvores.
Na Estada Nacional 236-1, onde morreram 47 pessoas que seguiam em viaturas e ficaram encurraladas pelas chamas entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, trabalhadores apoiados por máquinas começaram na quarta-feira a proceder à remoção e substituição do alcatrão, fazendo-se a circulação automóvel de forma alternada.
Na quarta-feira à noite, a ministra da Administração Interna admitiu a possibilidade de instaurar um inquérito ao incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, mas para tal necessita de obter todos os dados sobre aquilo que se passou.
“É algo que não estou a excluir neste momento. Preciso de ter dados sobre a atuação da GNR e da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e de ter indícios que me permitam fazer um inquérito”, disse Constança Urbana de Sousa, em entrevista à RTP3.
A ministra da Administração Interna disse ainda que não se vai demitir do cargo, enquanto tiver a confiança do primeiro-ministro.
“Era mais fácil demitir-me, mas optei por dar a cara”, afirmou.
Na quarta-feira à tarde, o funeral do bombeiro Gonçalo Conceição que morreu na sequência do incêndio em Pedrógão Grande contou com a presença das mais altas figuras do Estado português, nomeadamente o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Os principais incêndios florestais que lavram nos concelhos de Góis e de Pedrógão Grande estavam a ser combatidos, às 05:30 de hoje, por mais de 2.355 operacionais, apoiados por 849 meios terrestres, segundo a Proteção Civil.
Em curso desde as 15:00 de sábado, o incêndio em Góis, no distrito de Coimbra, mobilizava, àquela hora, 1.200 efetivos e 428 viaturas.
Já em estado de resolução (incêndio sem perigo de propagação para além do perímetro já atingido), o fogo em Pedrógão Grande estava a ser combatido, à mesma hora, por 1.155 operacionais, apoiados por 421 veículos.
As temperaturas diminuíram e a humidade relativa subiu significativamente na região Centro do país, o que proporciona “melhores condições” para combater os incêndios em Góis e em Pedrógão Grande, disse hoje à Lusa a meteorologista Madalena Rodrigues.
A técnica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) disse que a situação meteorológica está “muito mais tranquila, com menos instabilidade”, referindo que “as temperaturas desceram e a humidade relativa subiu”.
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