"É um pouco prematuro fazer uma avaliação sobre o impacto do que esse desastre implica em termos das variáveis macroeconómicas do país, do crescimento económico ou da inflação. O que sabemos é que pode ser significativo. O desastre tomou realmente proporções muito grandes, mas a avaliação precisa de ser feita em grande coordenação e cooperação com as autoridades moçambicanas", disse.
O responsável falava em Maputo no âmbito da missão técnica do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Moçambique ao abrigo das consultas do Artigo IV, que ocorrem anualmente com os países-membros do FMI.
Nesse contexto, reafirmou o apoio da organização a Moçambique.
"O FMI apoia o país e estamos sempre juntos em assistência técnica, aconselhamento e política. Vamos ter oportunidade de discutir apoio financeiro", afirmou Ari Raisen.
O FMI foi uma das organizações internacionais que suspendeu os apoios financeiros a Moçambique em 2016, na sequência da revelação de empréstimos não declarados por empresas estatais da ordem de 2,2 mil milhões de dólares, que tornaram a dívida pública insustentável e por haver indícios de corrupção.
Sobre a retoma do apoio ao país, Ari Raisen disse que será preciso ainda conversar com o Governo de Moçambique, remetendo mais pormenores para mais tarde.
"Esta missão está no país e escutará as autoridades moçambicanas para saber que tipo de assistência poderia oferecer no momento", disse.
A missão técnica começou a 13 de março e prolonga-se por duas semanas.
O artigo IV requer consultas do FMI às economias dos países-membros, por forma a exercer a sua monitorização e consequente aconselhamento com vista ao crescimento e estabilidade económica e não inclui ajuda financeira.
Já em janeiro, Ari Aisen havia referido à Lusa que a relação ente Moçambique e o FMI em 2019 seria somente ao abrigo das consultas previstas naquele artigo do Fundo.
A visita do FMI acontece numa altura em que, após três anos e meio sem avanços da justiça moçambicana na investigação ao caso, os EUA mandaram deter banqueiros internacionais, um intermediário e o ex-ministro das Finanças Manuel Chang, desencadeando outras 11 detenções em Moçambique.
O balanço provisório da passagem do ciclone Idai é de 557 mortos, dos quais 242 em Moçambique, 259 no Zimbabué e 56 no Maláui.
O ciclone afetou pelo menos 2,8 milhões de pessoas nos três países africanos e a área submersa em Moçambique é de cerca de 1.300 quilómetros quadrados, segundo estimativas de organizações internacionais.
A cidade da Beira, no centro litoral de Moçambique, foi uma das mais afetadas pelo ciclone, na noite de 14 de março, e a ONU alertou que 400.000 pessoas desalojadas necessitam de ajuda urgente, avaliada em mais de 40 milhões de dólares (mais de 35 milhões de euros).
Mais de uma semana depois da tempestade, milhares de pessoas continuam à espera de socorro em áreas atingidas por ventos superiores a 170 quilómetros por hora, chuvas fortes e cheias, que deixaram um rasto de destruição em cidades, aldeias e campos agrícolas.
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