
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou este sábado o envio de 2.000 efetivos da Guarda Nacional para Los Angeles, após confrontos na cidade californiana durante os protestos contra as detenções em massa de imigrantes ilegais.
Como é que tudo começou?
Na noite de sexta-feira registou-se o primeiro dia de rusgas anti-imigração clandestina em pelo menos sete locais da cidade de Los Angeles.
Pelo menos três grandes rusgas contra a imigração ilegal foram registadas por defensores dos imigrantes em locais predominantemente hispânicos no centro da cidade. “Alerta, a migra está em toda a Los Angeles esta sexta-feira”, avisaram mensagens de texto distribuídas pela comunidade.
As rusgas começaram às 7 da manhã, com a detenção de vários jornaleiros, que procuravam trabalho numa conhecida loja de materiais de construção na zona de Westlake, uma área predominantemente centro-americana e mexicana.
Além disso, houve relatos de rusgas perto de várias escolas em Los Angeles. “Os pais receberam avisos sobre possíveis atividades dos agentes de imigração perto das escolas e tivemos de sair e manter-nos atentos”, disse Góchez.
Já no sábado, a cidade de Paramount, na Califórnia, foi palco de confrontos entre manifestantes e agentes de vários serviços de segurança norte-americanos, deslocados em mais de 50 veículos federais, junto a uma empresa onde foi efetuada uma rusga anti-imigração clandestina.
Ativistas e membros da comunidade protestaram para tentar impedir as detenções, mas durante mais de duas horas os agentes federais repeliram os manifestantes com gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento.
Foram registados vários feridos entre os manifestantes, atingidos por balas de borracha e granadas lançadas pelas autoridades, que utilizaram táticas militares para dispersar os manifestantes e retirar os detidos.
Quem participou nestas rusgas e qual o objetivo?
O FBI confirmou num comunicado a participação dos seus agentes nas rusgas de imigração. Também foram vistos agentes com identificação da DEA, a unidade anti-droga da polícia norte-americana.
Esta é a maior operação simultânea a ocorrer em Los Angeles e noutras cidades da Califórnia desde que Donald Trump chegou à Casa Branca com a promessa de deportações em massa.
Nas últimas semanas, a Administração republicana efetuou várias alterações no seio do ICE com o objetivo de promover mais detenções. O objetivo do executivo norte-americano é efetuar, pelo menos, 3.000 detenções por dia.
O que dizem os manifestantes?
“Cabe-nos a nós defender o nosso povo”, disse uma residente de Los Angeles cujos pais são imigrantes, recusando-se a dar o seu nome à AFP.
“Quer nos magoem, quer nos gaseifiquem, quer nos atirem o que quer que seja. Eles nunca nos vão parar. Tudo o que nos resta é a nossa voz”, disse, enquanto as luzes dos serviços de emergência piscavam ao longe.
Como é que Los Angeles vê o sucedido?
A presidente da Câmara de Los Angeles, Karen Bass, declarou num comunicado que está “profundamente indignada” com as operações.
“Estas táticas semeiam o terror nas nossas comunidades e perturbam os princípios básicos de segurança e proteção na nossa cidade. Não vamos tolerar isto”, acrescentou a democrata, afirmando estar em contacto com organizações de defesa dos imigrantes para apoiar a comunidade afetada.
As autoridades municipais estão, porém, a ser criticadas pela presença de agentes do Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD, na sigla em inglês) em, pelo menos, um dos locais onde ocorreram as detenções.
Em resposta, o chefe do LAPD, Jim McDonnell, declarou que o departamento não se envolverá “em qualquer tipo de deportação em massa”, nem tentará determinar o estatuto de imigração de ninguém.
O governador da Califórnia também se opôs à decisão do presidente de enviar tropas, afirmando que era “propositadamente inflamatória e que só iria aumentar as tensões”.
As autoridades federais “querem um espetáculo. Não lhes dêem um espetáculo. Nunca usem a violência. Manifeste-se pacificamente”, disse Gavin Newsom no X.
Entretanto, Donald Trump felicitou a Guarda Nacional por “um trabalho bem feito” pouco antes da meia-noite de sábado, num post no Truth Social.
No entanto, a presidente da câmara de Los Angeles disse na rede social X que as tropas ainda não tinham sido enviadas — e jornalistas da AFP confirmam que ainda não as viram no terreno.
Trump atacou Bass e Newsom, afirmando no seu post que eles eram “incapazes de lidar com a tarefa”, fazendo uma comparação com os incêndios mortais que atingiram a cidade em janeiro.
*Com agências
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