Em declarações à agência Lusa, Alexandre Bemposta, de 68 anos, que investiu mais de 600 mil euros naquela quinta de produção de limão caviar no distrito de Viana do Castelo, quer instalar 15 ‘bungalows’ nos seis hectares de campos agrícolas abandonados que adquiriu e reconverteu para produção de frutos cítricos exóticos.
“Se tudo correr bem, esperamos em fevereiro começar a trabalhar na vertente turística. O projeto está a ser elaborado para ser submetido à apreciação da Câmara de Arcos de Valdevez, o que deve estar concretizado até ao final do ano. Depois vamos candidatá-lo ao Portugal 2030”, explicou.
O empresário quer promover visitas guiadas, com degustação dos produtos criados a partir de receitas inventadas pela família, sempre com o limão caviar como ingrediente diferenciador.
Uma loja ‘gourmet’ para vender os produtos fabricados na quinta é outros dos projetos previstos.
“Vou constituir uma equipa só para as visitas guiadas e terei de contratar mais pessoas quando o projeto turístico estiver a funcionar em pleno”, assegurou.
Nas pequenas parcelas de terrenos que, desde 2020, foi adquirindo em Ázere, além da produção de frutos exóticos e de outras espécies, Alexandre Bemposta tem vindo a criar um cenário natural entre os montes do lugar de Nunide.
Há chorões para abrigar do calor de verão, uma cascata em construção que será servida pela água das minas da quinta, um jardim japonês e redes para descansar o corpo.
O silêncio é quebrado por quem trabalha a terra, pelo canto dos galos ou outras aves que voam de galho em galho.
O Lobo e a Roxy, cães pachorrentos da família, ajudam a receber quem chega, porque, como explicou Alexandre, “todas as semanas aparecem pessoas que querem conhecer a quinta”.
A produção de limão caviar, cujo preço por quilograma oscila entre os 40 e os 120 euros, e os 70 produtos criados a partir das sete variedades do fruto, entraram, este ano, em velocidade cruzeiro.
A exploração agrícola e a fábrica já empregam 10 pessoas, mas com o aumento de produção e o novo projeto turístico o número de funcionários irá aumentar.
“Damos muito trabalho às pessoas da zona. Não só aos trabalhadores que já temos, mas também às pessoas que vivem com grandes dificuldades, algumas reformadas. Qualquer tipo de trabalho é uma ajuda”, referiu o empresário, explicando que, no próximo ano, vai “precisar de mais pessoas por causa das colheitas de framboesas e do mirtilo, que requerem muita mão de obra”.
Em 2024, Alexandre vai apostar numa nova “aventura” e plantar 250 árvores de azeitona branca, oriunda de Itália.
Outra aposta “será nas ervilhas borboleta e em todo o tipo de malaguetas que há no mundo”.
“Podia dar errado e perdíamos tudo. Tudo tem resultado porque o clima ajuda. Ázere tem um microclima incrível e água. Não nos falta água. Quando faltar água no Alto Minho estamos desgraçados”, referiu o empresário que emigrou com os pais, agricultores, para Moçambique tinha 5 anos. Foi com eles que apreendeu a arte de cultivar a terra.
Para o empresário, “a produção de cítricos tem ainda muito para crescer em Portugal, porque poucas pessoas conhecem estes frutos exóticos”.
“Só os ‘chefs’ que já percorreram mundo é que conhecem, mas têm receio de introduzir o fruto nos menus porque a oferta não é suficiente. Isto passou-se com o mirtilo, a framboesa e o abacate. A produção foi crescendo conforme o consumo. Daqui a uns sete a 10 anos já toda a gente conhece o limão caviar e a mão de buda. Atualmente ainda são produtos caros, mas mais um par de anos e serão produtos normais”, vaticinou.
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