O presidente da Orla Periférica – Associação de Nadadores-Salvadores do Interior, Filipe Batista, que abrange os distritos de Castelo Branco, Guarda e Portalegre, adiantou ter sido feito um levantamento dos espaços de banhos e frisou que o número de pessoas com formação para as funções é insuficiente para as necessidades.

“A procura é muito superior à quantidade de nadadores-salvadores que temos”, constatou o também formador.

Segundo Filipe Batista, em declarações à agência Lusa, as entidades “só se lembram dos nadadores-salvadores quando chega a altura do verão, quando as preocupações vêm ao de cima”.

Este responsável considerou que “há falta de planeamento para que este problema seja resolvido de uma vez por todas”.

O presidente da Orla Periférica, com sede em Penamacor, no distrito de Castelo Branco, preconizou a partilha de recursos humanos por parte de entidades como as comunidades intermunicipais, que permitam colmatar folgas ou faltas de nadadores-salvadores e reduzam o custo com este serviço, uma vez que a dificuldade em recrutar leva a regatear salários.

“Em vez de cada um olhar por si, se a comunidade contratasse um número que permitisse alguns deles fazerem folgas em dois ou três municípios, reduzíamos substancialmente o custo com todos eles. Ou seja, ganhavam todos com esta solução”, recomendou Filipe Batista.

Por outro lado, a inclusão de quem trabalha nas piscinas cobertas nessa bolsa já “seria um número significativo para resolverem problemas no verão” e deixava de ser um trabalho apenas sazonal.

Segundo o presidente da Orla Periférica, há pouca gente para ministrar cursos, que estão cheios, com 30 vagas no máximo por cada, a maioria estudantes e de fora da região, o que significa que, quando são necessários, muitos preferem a zona de residência. A certificação, de 150 horas, é válida por três anos e pode ser renovada.

Filipe Batista afirmou que a escassez de oferta na região para as piscinas, rios e albufeiras com necessidade de vigilância faz com que os nadadores possam regatear os preços junto das entidades e a média do salário ronde os 1.500 euros mensais, embora alguns ganhem valores superiores.

O responsável adiantou que com regularidade chegam à associação pedidos de juntas de freguesia e municípios, que divulgam junto da bolsa de pessoas com formação, mas “há muita dificuldade em dar resposta”.

Filipe Batista é o diretor técnico da escola de formação da Universidade da Beira Interior, na Covilhã, distrito de Castelo Branco, e há outra entidade, privada, a ministrar formação na Guarda.

Até ao verão, sairão formandos de três novos cursos, a maioria estudantes, e Filipe Batista pede que seja implementado um regime de incentivos, previsto há dez anos, mas por aplicar, como isenção das propinas.

O formador apontou que há estudantes que só aceitam desempenhar a função sem contrato de trabalho ou prestação de serviços, com receio de que esse rendimento sazonal interfira com as bolsas de estudo.

De acordo com Filipe Batista, o levantamento feito pela Orla Periférica ao número de instalações nos distritos de Castelo Branco, Guarda e Portalegre apurou que são necessários cerca de 400 nadadores-salvadores.

O presidente disse que, perante a dificuldade em contratar, há quem opte por não abrir os espaços por iniciativa própria e quem arrisque estar a funcionar sem nadador-salvador, além de muitos espaços de banhos em praias fluviais não estarem identificadas como tal oficialmente para não existir essa obrigatoriedade.

Filipe Batista acrescentou que, dos 38 afogamentos ocorridos em 2024 em praias do interior, quase todos se verificaram em áreas não vigiadas.