“Vemos Portugal com muitíssimo interesse. Cremos que Portugal se vai juntar a um conjunto de países europeus que vai dar preponderância à ferrovia como um sistema ‘eco-friendly’ [amigo do ambiente]. O país tem uma rede empresarial muito competitiva”, afirmou hoje o presidente da Stadler Rail Espanha, Iñigo Parra, num encontro com jornalistas, em Lisboa, para dar a conhecer a empresa.
O responsável admitiu que a empresa está “ansiosa” por conhecer em detalhe o Programa Nacional de Investimentos para a próxima década, particularmente no que à ferrovia diz respeito, para poder, assim, tomar decisões quanto a projetos futuros.
Iñigo Parra destacou, ainda, a indústria das tecnologias de informação (IT, na sigla inglesa) em Portugal, que, na sua ótica, tem “um ‘know-how’ muito interessante”.
Quanto ao contrato para a venda de comboios à CP, assinado em 21 de outubro, o responsável não descartou a hipótese de construir uma fábrica em Portugal, para a produção do material circulante, mas adiantou que a decisão ainda não está tomada.
“Está por definir a percentagem de incorporação portuguesa no projeto. […] São decisões que não são tomadas de um dia para o outro”, sublinhou, acrescentando que a Stadler fará “o que resultar melhor para o cliente”, tendo em conta que “a proximidade ao cliente final” é uma “mais valia”.
A CP – Comboios de Portugal celebrou, em 21 de outubro, um contrato para a compra de 22 comboios por um total de 158 milhões de euros, depois de o tribunal ter levantado o efeito suspensivo de um processo que impugnava o concurso.
A transportadora recordou que “o contrato inclui o fornecimento de doze Unidades Automotoras Bimodo e dez Unidades Automotoras Elétricas e respetivas peças, bem como a prestação de serviços de manutenção, preventiva e corretiva, por um período mínimo de três anos, acompanhada de serviços de formação”.
A CP prevê que a entrega da primeira unidade aconteça no final de 2024, sendo que o processo ainda terá de passar pelo Tribunal de Contas.
No dia 08 de outubro, o Público noticiou que o Tribunal Administrativo de Lisboa tinha levantado o efeito suspensivo da ação de impugnação do concorrente perdedor CAF, o que permitia avançar com o concurso.
De acordo com o processo, que a Lusa consultou, a espanhola CAF, que viu a sua proposta ser excluída por falta de um documento, garantiu que os suíços da Stadler não apresentaram todos os documentos pedidos para o concurso e que os preços em certos itens não estavam corretamente especificados na candidatura.
O Governo autorizou a CP, em outubro do ano passado, a gastar 168,2 milhões de euros em 22 novos comboios, segundo uma resolução do Conselho de Ministros publicada em Diário da República.
A empresa recebeu cinco candidaturas, sendo que, além da CAF e da Stadler, também entregaram propostas iniciais a Talgo, Alstom e Siemens.
A Stadler apresentou também uma proposta, em conjunto com a Siemens, para a venda de 14 unidades triplas (três carruagens) para o Metropolitano de Lisboa, que terá entregas faseadas, sendo que o plano de trabalhos da proposta prevê que a primeira unidade seja entregue no segundo semestre de 2022 e que a última fique disponível em final de 2023.
No entanto, apesar de o contrato ter sido celebrado em 08 de fevereiro, o processo está parado, por impugnação de um concorrente.
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