"Eles morreram. Eu sou responsável", disse o homem de 74 anos, depois do presidente do tribunal de Vannes, no oeste da França, ter perguntado se o ex-cirugião pensava, "às vezes", nas vítimas.

Le Scouarnec referia-se a dois homens, cujas imagens foram mostradas no julgamento - Mathias Vinet, que morreu de overdose em 2021, e cujos familiares acreditam que cometeu suicídio, e outro, que se enforcou em 2020.

O ex-cirurgião, que já cumpre 15 anos de prisão por violar menores, abusou sexualmente dos dois meninos no hospital de Quimperlé quando eles tinham 10 e 12 anos, respectivamente.

"Você vê-se como um homem livre no futuro?" perguntou a juíza, Aude Buresi, neste último interrogatório. "Não", respondeu o réu. "Não", repetiu com mais firmeza após um silêncio.

"A prisão foi uma libertação para mim", disse Le Scouarnec, que explicou no tribunal que já não é vítima das suas "tendências" pedófilas, sem descartar o risco de uma recaída.

A 20 de março, o ex-cirurgião declarou-se culpado de todos os casos julgados, incluindo outros já prescritos ou objeto de novas investigações, como agressões sexuais contra a sua neta.

A idade média das 299 vítimas era de 11 anos, mas entre os muitos atos atribuídos ao médico estão a violação de um bebé de um ano e a agressão sexual de uma paciente de 70 anos.

O julgamento, que começou a24 de fevereiro, realiza agora as suas audiências finais antes do veredito, marcado para 28 de maio. O único réu declarou-se culpado em março pelos crimes cometidos entre 1989 e 2014.