“O que o parlamento hoje se prepara para fazer é porventura prescrever uma lei nas costas dos portugueses. Os deputados têm legitimidade sim, mas não têm mandato para tratar de uma matéria tão delicada, tão sensível, tão importante para a sociedade quanto esta. Não foi tratado, debatido, aprofundado antes das eleições”, disse Assunção Cristas.
A líder centrista falava à margem de uma manifestação contra a eutanásia, intitulada “Não mates, cuida”, convocada pelo movimento Toda a Vida tem Dignidade’, que juntou centenas de pessoas em frente das escadarias da Assembleia da República, onde hoje à tarde os deputados discutem e votam quatros projetos de lei para a despenalização da eutanásia, apresentados pelo PS, Bloco de Esquerda, PEV e PAN.
“Legitimidade os deputados têm sempre, não têm mandato. Acresce que não há nenhuma urgência, nem nenhum clamor social maioritário para se legislar sobre esta matéria. Estamos a ir ao reboque da agenda de uma parte do parlamento, não estamos a ir ao encontro daquilo que é a urgência de todos os portugueses, que é terem uma saúde a funcionar bem, é terem acesso a cuidados paliativos”, defendeu Assunção Cristas.
Para a deputada e líder do CDS-PP, “os portugueses têm todo o direito de se indignarem contra algo que está a ser feito à revelia da sua opinião”, insistindo que “a vida humana é inviolável” e que o dever da sociedade é prestar cuidados de saúde e cuidados paliativos que aliviem a dor a quem está em fim de vida, e não “antecipar a morte dessas pessoas”.
“Tudo faremos até ao último minuto do lado do CDS para que estas leis não passem e para que a eutanásia não seja legalizada em Portugal. Não sabemos qual vai ser o resultado final, está tudo em aberto. O que sabemos é que há muitos argumentos do ponto de vista político, ético, social para rejeitar a eutanásia”, afirmou Cristas.
Para a centrista há razões políticas “muito sérias, muito válidas”, que justificariam que esta questão não fosse abordada agora, ou até que “fosse chumbada agora para depois na próxima legislatura, com uma clarificação das posições dos vários partidos – e quando não há uma posição do partido, uma posição de cada um dos candidatos a deputados” – ser discutida.
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