Segundo avança o El País, só em 2018 foram identificadas 241 vítimas de exploração sexual que figuravam em material pornográfico infantil, através da investigação feita em cooperação entre os estados-membros da UE.
"É muito abundante. Há muito mais do que aquilo que podemos analisar. É necessária uma maior colaboração entre os Estados", avisa Fernando Ruiz Pérez, chefe de operações do Centro Europeu de Cibercrime, secção de investigação da Europol, perante uma comissão mista sobre segurança nacional espanhola onde participaram membros do Congresso e do Senado espanhol.
A título de exemplo, Ruiz Pérez relatou durante a sessão o caso de uma plataforma recentemente desmantelada que contava com 80.000 utilizadores registados. Entre eles estavam os chamados "VIPS", isto é, utilizadores que, para adquirir esse estatuto dentro dessa comunidade, tinham eles próprios de partilhar conteúdos de abuso sexual a menores.
De acordo com Fernando Ruiz Pérez, a Deep Web - "parte obscura" da Internet que, sendo mais difícil de vigiar e fiscalizar, é propícia a redes de transação ilegais - esconde muitos casos de pornografia infantil, sendo, por isso, um "terreno perfeito para o cibercrime".
Ruiz Pérez incentiva os países da União Europeia a "partilhar mais informação" entre eles, uma vez que a Europol não tem poderes judiciais nem meios para investigar sozinho. Quando é encontrado material supostamente criminoso, o serviço de policiamento europeu envia a informação para o país onde está a ocorrer a situação - isto quando é possível identificar a origem.
Face à dificuldade em obter resultados no combate às redes de pornografia infantil, no ano passado, o Centro Europeu de Cibercrime estreou uma nova estratégia, que consiste em "pedir ajuda ao público". Nesse sentido, foi aberta uma secção no site da Europol que mostra vários elementos de identificação - como objetos, marcas ou locais - encontrados em vários vídeos com conteúdo sexual de menores, permitindo aos cidadãos fornecer pistas que ajudem a encontrar a vítima ou o explorador sexual.
"Num ano, recebemos mais de 20.000 indicações, o que nos permitiu identificar oito vítimas", referiu Ruiz Pérez acerca desta iniciativa, que se pretende que seja alargada, perante a comissão.
O Centro Europeu de Cibercrime, com sede em Haia, na Holanda, dedica-se, desde 2013, a combater os delitos cibernéticos na União Europeia, tendo como pilares de atuação o combate à exploração infantil, às fraudes eletrónicas e aos ciberataques. Este centro também atua quando vários estados-membros solicitam cooperação nalgum caso específico de investigação.
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