O cabeça de lista, Paulo Rangel, andou de helicóptero, de barco, de comboio, de metro e de bicicleta mas foi a pé que fez grande parte da campanha, distribuindo canetas e postais da candidatura, em feiras e ruas, algumas, no interior do país, com poucas pessoas.
Uma estratégia comum para o “problema demográfico” e para aumento da natalidade, um programa de luta contra o cancro, o compromisso para que Portugal não perca “nem um cêntimo” dos fundos de coesão e a criação de uma força de proteção civil europeia foram as principais propostas apresentadas.
Paulo Rangel pediu aos eleitores para não se deixarem enganar pelo manifesto do PS, que disse ser a “coisa mais utópica e romântica que promete tudo a todos” e que consiste “numa miragem” porque “não é possível dar todos os direitos a todos”.
Ciente de que há uma componente nacional nas eleições para o Parlamento Europeu e depois de o próprio primeiro-ministro ter pedido essa avaliação aos eleitores ainda na pré-campanha, Rangel defendeu que o dia 26 de maio é a oportunidade certa para dar “um forte cartão amarelo” ao Governo.
“As metas europeias que o Governo e o PS dizem que atingiram foram conseguidas à custa de opções políticas erradas”, defendeu, considerando que “mais dez ou vinte euros” ao fim do mês não compensam a “incúria e a negligência” do Governo que, acusou, deixou os “serviços públicos essenciais a níveis mínimos”.
Mais do que o cabeça de lista do PS, Pedro Marques, a quem Rangel apelidou de “fake” por “não clarificar” se cumprirá o mandato ou se está a ensaiar o lugar de comissário europeu, foi António Costa o alvo principal das críticas do PSD.
“É ele que se está a por no radar”, justificou Paulo Rangel, que ignorou os restantes partidos concorrentes até ao comício no “arraial minhoto” na Quinta da Malafaia, em Esposende, no qual afirmou que “todo o voto fora do PSD é um voto fútil” e que para derrotar o primeiro-ministro António Costa só é útil o voto no PSD.
O momento mais polémico da campanha de Paulo Rangel foi o dia em que sobrevoou de helicóptero as áreas ardidas nos incêndios de 2017 na região centro, com o líder socialista, António Costa, a afirmar que a “vida política não é um espetáculo para as televisões”.
Paulo Rangel contou com a presença de figuras de peso do partido como o ex-líder e ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, em Cascais, a ex-ministra Manuela Ferreira Leite, em Ansião, Luís Filipe Menezes em Aveiro, todos a atirar ao primeiro-ministro, António Costa.
O presidente do PSD, Rui Rio, marcou presença duas vezes na primeira semana de campanha, primeiro em Penafiel, num jantar-comício com cerca de 2000 pessoas, e a segunda vez em Esposende, onde tocou “O Conquistador” na bateria da Quinta da Malafaia, num jantar com 2500 militantes.
Na segunda semana, Rui Rio, que esteve presente em pelo menos uma iniciativa por dia e desvalorizou as sondagens que apontam a derrota do partido nas europeias, garantindo que “seria irresponsável” qualquer cenário de demissão a quatro meses das eleições.
Apostado em “cativar e convencer” os eleitores a irem votar e a escolher o PSD, partido com “propostas positivas e realistas”, Paulo Rangel deu particular atenção ao interior “esquecido e desertificado” e ouviu os problemas de quem tenta fazer negócio da agricultura, da produção rural e agropecuária.
Se começou “tímido” e a dar canetas e postais mas pouca conversa aos eleitores nas ruas, Rangel mudou o registo quando chegou ao Minho e, depois de três “arruadas” com boa receção, até levantou os braços para dançar o vira em Arcos de Valdevez.
Em termos de mobilização, a “onda laranja” só apareceu nos cânticos e nas bandeiras mas Paulo Rangel mostrou-se satisfeito e confiante numa vitória, que considerou estar ao alcance do PSD como “meta realista”.
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