O debate entre os dois candidatos decorreu esta noite na RTP3 e durou cerca de 30 minutos.
Logo a abrir, os cabeças de lista foram questionados sobre facto de o primeiro-ministro, António Costa, ter anunciado na sexta-feira que comunicou ao Presidente da República que o Governo se demite, caso a contabilização total do tempo de serviço dos professores seja aprovada pela Assembleia da República em votação final global.
Ao longo de mais de dez minutos, Pedro Marques e Nuno Melo trocaram acusações, tendo o centrista comparado a situação à demissão de José Sócrates do cargo de primeiro-ministro em 2011 e o socialista ter acusado o CDS-PP de ter aprovado uma “bomba orçamental de 800 milhões de euros”.
“Esta crise política naturalmente que influencia o debate eleitoral das eleições europeias”, afirmou o socialista, apontando que o Governo pugna “pelas contas certas” e que deu “muito trabalho construir esta credibilidade de Portugal junto das instituições europeias”.
Pedro Marques, ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas, considerou também que “há 48 horas, os partidos da direita juntaram-se à esquerda numa coligação negativa sem o PS”, tendo classificado a aprovação da medida na comissão parlamentar de Educação como “completamente incompreensível” e salientando que “prejudica o país”.
Questionado sobre se esse assunto vai ter impacto na campanha para as eleições de 26 de maio, o candidato socialista indicou que se vai “sentir ainda mais determinado” para “explicar aos portugueses que a responsabilidade orçamental e as contas certas” estão “no Partido Socialista”.
Pedro Marques salientou ainda que tem “toda a confiança no resultado” que vai ter.
Para o socialista, “o que aconteceu tem de ser explicado pelo Nuno Melo, [porque] não foi só o PSD, foi também o CDS-PP” que ajudou a aprovar o que apelidou da “maior despesa permanente” que foi “aprovada nesta legislatura”.
Em resposta, o democrata-cristão afirmou que, “para quem está junto ao Bloco [de Esquerda] e ao PCP desde 2015, este ar de agravo não deixa de ter a sua graça”.
Nuno Melo acusou António Costa (também secretário-geral do PS) de “nacionalizar a campanha” quando “percebeu que ia perder as eleições europeias” e alegou que a culpa foi do cabeça de lista, por o líder dos socialistas achar “que não é um candidato suficientemente forte”.
Na opinião do centrista, o chefe do Governo provocou uma crise “com base num não facto, porque ainda não há nada aprovado” em votação final global.
“Demite-se se a lei for aprovada, mas no dia seguinte vai ser recandidato e a lei vai lá estar aprovada. Então demite-se para quê?”, questionou, rejeitando que esta decisão ponha em causa as contas públicas.
Durante o resto do debate, os candidatos falaram sobre impostos europeus e fundos de coesão, sempre numa tónica de troca de acusações, com Nuno Melo a reafirmar ser “contra impostos europeus” e Pedro Marques a defender que são necessários para acomodar o impacto do ‘Brexit’ “sem haver cortes na política de coesão e na PAC” – Política Agrícola Comum.
Quanto aos fundos comunitários, o centrista acusou o Governo de “desperdiçar dinheiro”, enquanto o socialista salientou que Portugal está “largamente acima da média europeia na execução”.
Momentos antes do final do frente a frente, Pedro Marques convidou Nuno Melo a esclarecer porque disse, em entrevista à agência Lusa, que o VOX não é um partido de extrema-direita.
“Pelo amor de Deus, não brinque comigo. Os senhores têm o PCP e o Bloco pela mão e vem falar de extremismos?”, respondeu o eurodeputado.
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