A primeira vaga de ataques alvejou, na madrugada, as residências de generais e de cientistas ligados ao programa de enriquecimento de urânio. Entre os primeiros eliminados, Hossein Salami, o comandante supremo dos Guardiões da Revolução, que não só é o número 2 no regime dos aiatolas, como também é o falcão que comanda as tropas e o corpo de serviços secretos do Irão. Duas horas depois, nova vaga de ataques, esta sobre todos os principais centros do programa nuclear iraniano.
Está em curso uma operação militar de alta preparação e precisão, com o objetivo de decapitar as lideranças do sistema militar e de tecnologia da teocracia iraniana, também as infra-estruturas estratégicas.
O ataque lançado por Israel não tem nada a ver com as duas incursões com alvos limitados que aconteceram no último ano (o primeiro em outubro, o segundo em abril). Desta vez, o governo de Netanyahu desencadeou uma campanha para eliminar não só os laboratórios nucleares da teocracia iraniana, mas também os líderes do aparelho militar e os Guardiões da Revolução, com o objetivo de destruir as bases mais importantes das forças armadas.
A primeira vaga de ataques foi dirigida contra nove comandos, depósitos de drones e aeroportos, seis dos quais nos arredores de Teerão. Há imagens que mostram que o quartel-general da Guarda Revolucionária foi arrasado.
Também na fase inicial da ofensiva, os estratégicos laboratórios atómicos subterrâneos de Natanz e Fordow foram bombardeados em vagas sucessivas e ficaram a arder em fogo intenso.
As informações disponíveis dão a saber que radares principais e postos de defesa aérea iraniana foram destruídos, de forma a bloquear a capacidade de contra-ataque.
O regime de Teerão anuncia resposta severa. É duvidoso que tenha condições para retaliar, exceto em forma de ataques terroristas – ameaça séria no horizonte.
Uma das muitas questões de curto prazo é a de saber se a teocracia iraniana consegue aguentar-se no poder, depois de sofrer este golpe vindo do exterior, e confrontado com forte contestação de amplas porções da sociedade iraniana, com as mulheres à cabeça, a clamar por liberdade e fôlego económico no país.
O regime fundamentalista fundado há 46 anos por Khomeini enfrenta a fase mais crítica de ameaça à sobrevivência.
A diplomacia da administração Trump, que há dois meses procurava negociar um acordo nuclear com o Irão, sai estilhaçada desta operação israelita. Netanyahu força continuar com mãos livres para fazer o que quer, mesmo quando Trump fica em ambígua discordância. O que leva a Casa Branca a distanciar-se deste golpe de Netenyahu.
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