A imagem da balança eleitoral foi usada por Assunção Cristas depois de uma passagem, de meia hora, da comitiva pelas bancadas de legumes, peixes, pão e doces, pontuada, uma ou duas vezes, por reações negativas.
Aos jornalistas, sorridente, disse que o “mercado eleitoral está animado e concorrido”, não fez as contas eleitorais para o CDS, mas deixou desejos para equilibrar a balança que pesa mais para a esquerda desde as legislativas de 2015.
“Do lado do CDS, o que nós desejamos é que possa crescer muito para o nosso lado, para recolocarmos as coisas como devem ser em Portugal, mais ao centro, com mais peso do centro e da direita e menos peso da esquerda mais radical. É preciso equilibrar esse mercado, está um bocado desequilibrado”, disse.
Lá dentro do mercado, ao lado de Nuno Melo, o cabeça de lista do CDS às europeias, iam pedindo “força para o CDS” e que as pessoas fossem votar no dia 26 de maio, que “é já de domingo a oito dias”.
O combate à abstenção é um dos temas do dia e “o grande desafio”, admitiu, é “dizer às pessoas que vale a pena ir votar”, secundando o apelo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, feito há pouco dias.
Porque “a abstenção é um grande risco e desqualifica a democracia”, justificou.
Motivos para votar, valem todos, segundo Assunção Cristas, para quem entende que “a Europa é importante” ou “as razões nacionais” para quem sente que estas “são eleições diferentes, que não conhecem e não sabem”.
“Esta é a primeira oportunidade, numa eleição nacional, de mostrar que o país não está bem quando está virado às esquerdas e é preciso recentrar o nosso espetro partidário” e “penalizar as esquerdas unidas”, afirmou.
De regresso à campanha de Nuno Melo, onde vai estar todos os dias, Assunção Cristas trazia hoje, 17 de maio, uma mensagem política.
No dia em que passam cinco anos sobre a saída da 'troika' de Portugal, a líder centrista, que pertencia no Governo PSD/CDS-PP em 2014, lembrou a “saída com esforço de todos os portugueses”.
“Cinco anos depois, esperávamos estar noutras circunstâncias e ter um pais a crescer e aliviado da austeridade que vestiu outras roupas, mas que é a austeridade dos impostos no máximo de sempre e com os serviços em níveis muito baixos, sejam no investimento púbico seja nos serviços púbicos”, afirmou.
Em Faro, após a visita ao mercado, Nuno Melo também recordou a saída da 'troika' e alinhou nos argumentos de Cristas.
“Chega a ser paradoxal, cinco anos depois da saída da troika, que testemunhemos austeridade sem ‘troika’, um Governo que é a ‘troika’ sem a ‘troika’”, afirmou, argumentando com a maior carga fiscal de sempre e com a queda do rendimento ‘per capita’ de Portugal na União Europeia.
O relatório do Tribunal de Contas, hoje anunciado, sobre os manuais escolares, em que se conclui que “a verba que o Governo alocou, aparentemente, não chega para as necessidades”, serviu para Cristas atacar o Governo e António Costa.
Com o Governo, “primeiro, a fazer propaganda e depois a fazer as contas, e as contas normalmente não batem certo”.
No percurso entre as bancas do mercado de Olhão, Melo e Assunção distribuíram sorrisos, panfletos, canetas, pediram “força” para o CDS nas urnas, em 26 de maio, e receberam de volta também sorrisos, pedidos para fazer 'selfies' e ouviram também reações negativas, umas mais violentas que outras.
Um homem, a alguma distância de Assunção, afirmava a Pedro Mota Soares e Nuno Melo que “o CDS é o partido mais fascista que há” e a “senhora Conceição Cristas deixa muito a desejar” e foi-se embora. Uns metros à frente, outro homem, vendedor, saudava Melo por ser “o primeiro político decente” a estar no mercado e prometeu-lhe votos.
Queixas e mais queixas também ouviu a comitiva quando chegou junto a uma bancada de peixe em que o homem, de mais de 80 anos, a trabalhar desde os 15, disse ter direito a “uma pensão de miséria”, de 110 euros. “Não voto em nenhum de vocês”, disse, e virou as costas. No final da visita, Melo voltou à banca para voltar a falar com o homem.
Outro homem, de nome Jerónimo, queixou-se que está à espera da reforma “há dois” e tem que continuar a trabalhar. Logo ali, Cristas prometeu usar o seu exemplo quando pudesse confrontar o Governo com o assunto e o próprio deixou o contacto telefónico ao 'staff' de apoio do CDS.
Mais tarde, em Faro, já sem Cristas, Melo foi a mais um mercado, onde se repetiram algumas cenas de hostilidade, por parte de um homem que criticou o candidato e a comitiva chamando-lhes “ladrões”.
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