"De acordo com a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), chegam todas as semanas à sua clínica, junto ao campo de Moria, em Lesbos, casos de mulheres e crianças violadas. Na maior parte dos casos não há queixas, por medo de represálias. Num local onde não deviam viver mais de 3.100, estão mais de nove mil. Por cada 80 pessoas há uma casa de banho, por cada 200 há um duche. Vivem em contentores ou tendas. Não há espaço para as crianças brincarem. Todas as semanas, há casos de adolescentes que tentam suicidar-se", descreveu Liliana Rodrigues na pergunta escrita feita à Comissão Europeia sobre aquele que já é considerado "o pior campo de refugiados do mundo".
Sublinhando que "isto ocorre em território europeu", a eurodeputada socialista alerta: "A responsabilidade é nossa".
"Não é desta forma que aqueles que mais precisam da nossa solidariedade devem iniciar o seu percurso no nosso continente", defendeu Liliana Rodrigues, citada em comunicado hoje divulgado, acrescentando que "a União Europeia e os seus Estados membros têm o dever de assegurar as condições mínimas de segurança e de dignidade àqueles que chegam à Europa com o objetivo de começar uma nova vida".
Por essa razão, pergunta à CE: "Em relação aos casos de violação, que medidas estão a ser implementadas pela Comissão para proteger estes migrantes, especialmente os mais vulneráveis?" e "Como pode a Comissão garantir que os violadores responderão perante a justiça?".
Indicando que os MSF alertaram para a existência no campo de Moria de casos de crianças que, "devido às condições em que vivem, desenvolveram tendências suicidas e chegaram ao posto médico com feridas autoinfligidas", a eurodeputada socialista referiu que "os problemas nos países de origem, a longa jornada até ao país de chegada e as condições de vida nos campos, muitas vezes sobrelotados, contribuem para o desenvolvimento de traumas", pelo que sustentou ser "imperativo que estes jovens tenham um acompanhamento psicológico adequado".
Daí perguntar ainda à CE se "existe algum acompanhamento psicológico para os jovens que tentaram o suicídio", depois de referir que um coordenador dos Médicos Sem Fronteiras afirmou mesmo que "muitos dos campos de refugiados em África têm melhores condições".
Segundo dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) citados no comunicado, entre 2014 e 2016, chegou a território grego cerca de um milhão de pessoas; em 2017, o número quase atingiu as 30 mil pessoas; e, este ano, até julho, era de aproximadamente 15 mil pessoas.
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