Um dos dois jovens responsáveis por ter retirado à força um jornalista de um evento na Universidade Católica Portuguesa (UCP) é militante da Iniciativa Liberal, segundo noticia a edição de hoje do jornal Público.
O jovem — que forçou o repórter a abandonar uma sessão com André Ventura, líder do Chega, e estudantes da UCP — trata-se de Ricardo Costa Amaro, aluno do “Mestrado Forense” da Faculdade de Direito dessa universidade.
O Público adianta que o jovem apagou todas as suas contas nas redes sociais depois de ser inquirido pelo diário — que, de resto, também contactou dois dirigentes e a três assessores da IL. Fonte oficial do partido disse ao jornal que “desconhece o que se passou além do noticiado” e “lamenta e condena qualquer tipo de violência”. A Iniciativa Liberal frisou que “será sempre defensora da liberdade de imprensa”.
Na terça-feira, o jornalista afirmou ter sido agredido num evento que contou com a presença do líder do Chega, André Ventura, na Universidade Católica, mas a organização negou, admitindo apenas que o profissional “foi removido” da sala.
A alegada agressão terá ocorrido num evento organizado pela Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos e pela Associação Académica de Direito, da Universidade Católica Portuguesa, intitulado “Conversas Parlamentares”, no qual participou o presidente do Chega, no âmbito de um ciclo de palestras para o qual foram convidados vários líderes partidários.
A convocatória feita pelo Chega para o evento, na véspera (segunda-feira, dia 15), limitava apenas a entrada no auditório aos repórteres de imagem (“câmaras”), sem contudo fazer referências à presença de outros jornalistas.
À Lusa, João Dias, presidente da Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos, um dos responsáveis pelo evento, afirmou na terça-feira que a palestra era “fechada à comunicação social”.
Segundo notícia divulgada pelo Expresso, o jornalista alega que a sua entrada na sala onde estava André Ventura “foi autorizada por duas jovens junto à porta principal do auditório”.
De acordo com o relato publicado pelo semanário, após ter sido abordado algumas vezes pela organização do evento para sair do auditório, “dois dos jovens prenderam os seus movimentos, agarrando-o pelos pés e pelos braços, forçando a sua saída do evento — deixando todo o equipamento de trabalho na sala, incluindo o computador profissional”, que foi devolvido “após intervenção de um dos assessores de André Ventura”.
Segundo o semanário, o jornalista terá também sido abordado “de forma agressiva” pelo segurança pessoal de André Ventura.
Pelas associações, o responsável João Dias negou a existência de qualquer agressão e disse que o jornalista “foi removido” do auditório depois de ter sido abordado “cinco vezes” por membros da organização para que se saísse da sala. Já o Chega negou responsabilidades na entrada e expulsão do jornalista do Expresso, remetendo-as implicitamente para os organizadores.
Os líderes da IL e do PAN já participaram neste evento, e, em ambas as ocasiões, os dois partidos comunicaram previamente à imprensa que não era permitida a presença de comunicação social no evento, mostrando-se disponíveis para fazer declarações à chegada.
A direção do Expresso já repudiou “qualquer forma de coação e constrangimento ao trabalho jornalístico”, afirmando que “tomará as devidas ações, de forma a apurar responsabilidades e impedir que atos deste tipo voltem a acontecer”, manifestando “inequívoco apoio ao seu jornalista, que foi impedido de realizar o seu trabalho livremente”.
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