Os EUA conservam um estatuto de observador, acrescentou o Departamento de Estado, em vez da sua representação na agência da ONU sediada em Paris, de acordo com o porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert.
"Esta decisão não foi tomada de ânimo leve, reflectindo as preocupações dos Estados Unidos perante as crescentes dívidas da UNESCO, que precisa de uma reforma fundamental na organização contínuo e pelo seu comportamento anti-israelita", disse.
Contudo, os Estados Unidos pretendem "manter-se envolvidos" com a organização, enquanto Estado não-membro observador, para que exista a possibilidade de "contribuir com visões, perspetivas e experiência norte-americanas".
A diretora-geral da Unesco afirmou em comunicado que "lamenta profundamente a decisão dos Estados Unidos, cuja notificação oficial foi enviada pelo secretário de Estado Rex Tillerson. A universalidade é essencial à missão da UNESCO para construir a paz e a segurança internacionais face ao ódio e à violência, pela defesa dos direitos humanos e da dignidade humana", informou Irina Bokova em comunicado.
"A universalidade é essencial para a missão da Unesco de construir a paz e a segurança internacionais em face do ódio e da violência, através da defesa dos direitos humanos e da dignidade humana. É uma perda para a família das Nações Unidas. É uma perda para o multilateralismo", ressalvou a diretora.
Os Estados Unidos já deixaram a UNESCO entre 1984 e 2003.
Na sua declaração, Bokova lista uma série de medidas adotadas pela UNESCO em parceria com os Estados Unidos contra o antissemitismo.
"Juntos, trabalhamos com o falecido Samuel Pisar, embaixador honorário e enviado especial para a educação do Holocausto, a fim de compartilhar a história para lutar contra o antissemitismo e na prevenção dos genocídios, com o Canal UNESCO para a educação sobre o genocídio na Universidade da Califórnia e com programas de alfabetização na Universidade da Pensilvânia".
Acrescentou ainda: "trabalhamos com a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) para produzir novas ferramentas para os educadores utilizarem contra todas as formas de antissemitismo, como fazemos para combater o racismo anti-muçulmano nas escolas".
No início de julho, os Estados Unidos haviam advertido que analisavam os seus vínculos com a UNESCO, chegando a apelidar de "afronta à história", a sua decisão de declarar a antiga cidade de Hebron, na Cisjordânia, uma "zona protegida" do património mundial.
Na ocasião, a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, afirmou que esta iniciativa "desacreditava ainda mais uma agência da ONU já altamente discutível".
O Comité do Património Mundial da Unesco inscreveu a Cidade Velha de Hebron nesta lista como um sítio "de valor universal excepcional". Também colocou esta cidade, localizada nos territórios palestinos, na lista de patrimónios em perigo.
Hebron é o lar de cerca de 200 mil palestinos e centenas de colonos israelitas, que estão entrincheirados num enclave protegido por soldados israelitas perto do local sagrado que os judeus chamam de "Túmulo dos Patriarcas" e os muçulmanos de "Mesquita de Ibrahim".
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, descreveu a decisão da UNESCO como sendo um "delírio". Meses antes, a organização havia identificado Israel como sendo uma força de ocupação a operar em Jerusalém.
Os Estados Unidos suspenderam a sua participação financeira em 2011 após a admissão da Palestina como Estado-membro.
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