De acordo com o relato da comunicação social pública, presente no aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda, José Eduardo dos Santos foi recebido ao final da tarde de hoje, para os habituais cumprimentos de boas vindas, pelo vice-Presidente da República, Manuel Vicente, pelo presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, e pelo juiz presidente do Tribunal Constitucional, Rui Ferreira, entre outras entidades do Governo.
O chefe de Estado angolano, no poder desde 1979, deslocou-se a 1 de maio a Barcelona, Espanha, para uma visita privada, informou na altura a Casa Civil da Presidência da República, não tendo sido divulgada outra qualquer informação oficial desde então.
Na nota distribuída na altura à imprensa, a Casa Civil da Presidência da República referia que José Eduardo dos Santos havia interrompido a sua estadia naquele país, em novembro de 2016, na sequência do falecimento, por doença, do seu irmão mais velho, Avelino dos Santos, ocorrida na África do Sul.
"Está em Espanha e quando ficar melhor vai regressar", disse hoje o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti.
Esta foi a primeira vez que um membro do Governo angolano confirmou oficialmente que o chefe de Estado recebe habitualmente tratamento médico em Espanha, para onde viaja desde pelo menos 2013, regularmente, várias vezes por ano.
"Está tudo bem. Mas sabe, na vida, isso acontece com todos nós em algum momento, não nos sentirmos totalmente bem. Mas ele está bem", afirmou o chefe da diplomacia angolana.
Alguma imprensa em Portugal e Angola referiu insistentemente, nas últimas semanas, que José Eduardo dos Santos terá sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) já em Espanha e chegou a ser criada uma página na rede social Facebook dando conta da morte do Presidente angolano.
No entanto, Georges Chikoti não confirma qualquer problema de saúde grave com José Eduardo dos Santos: "Não, eu não confirmo [AVC]. Mas o presidente dos Santos faz regularmente as suas consultas e os seus tratamentos em Espanha, por isso é perfeitamente normal que ele esteja lá", disse o ministro angolano.
Antes desta viagem, José Eduardo dos Santos convocou, por decreto presidencial de 25 de abril, as eleições gerais em Angola para o dia 23 de agosto próximo, que servem para eleger, além dos deputados à Assembleia Nacional, também, por via indireta, o novo chefe de Estado, eleição à qual já não concorre, após quase 37 anos no poder.
Já a empresária Isabel dos Santos desmentiu a 13 de maio notícias sobre o agravamento do estado de saúde do pai, o Presidente angolano José Eduardo dos Santos.
A posição foi assumida em duas mensagens que a empresária e presidente do conselho de administração da petrolífera estatal angolana Sonangol colocou, como o faz habitualmente, na sua conta na rede social Instagram.
Numa destas mensagens, publicada, questiona "com que propósito continuar a insistir em divulgar notícias falsas sobre a saúde do #PRAngola", ilustrando-a com a imagem "Notícias Falsas".
Na sequência dos rumores também o ativista Luaty Beirão se manifestou, através da rede social Facebook. "As notícias não são boas, nada boas. Há alguns anos que andamos a receber sinais da degradação do estado de saúde do Presidente da República e constatando o óbvio: o que quer que seja que lhe esteja a consumir, está a avançar e parece ser irreversível. (...) José Eduardo fez muito mal a este país e a este povo sofrido, mas a morte é uma saída muito fácil de cena. Ele deve continuar vivo (...) para ver que não irá ser lembrado como um "bom patriota" pela longa lista de tropelias da qual foi promotor. (...) Rápidas melhoras senhor presidente", pode ler-se na publicação do ativista.
Entretanto, a oposição Angola também pediu, a 17 de maio, esclarecimentos oficiais sobre o estado de saúde do presidente José Eduardo dos Santos. "Estamos todos preocupados com a falta de informação oficial sobre o estado de saúde do presidente da República", disse à AFP Rafael Savimbi, filho de Jonas Savimbi, ex-líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), principal partido da oposição. "Recebi mensagens sobre o estado de saúde extremamente grave de José Eduardo dos Santos. Precisamos de sérias e claras explicações", acrescentou Agostinho dos Santos, um analista político próximo à oposição.
O portal angolano Maka Angola, do jornalista Rafael Marques e visado na mensagem de Isabel dos Santos, escreveu que o estado de saúde do Presidente José Eduardo dos Santos "está a causar, atualmente, grande apreensão entre as figuras cimeiras do MPLA", partido que governa Angola desde 1975.
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