Konstantin Seleznev, um ex-professor de 64 anos, foi considerado culpado por "divulgar informações falsas" sobre o exército russo pelo tribunal de Moscou em Lefortovo, disse a ONG OVD-Info, especializada em monitorar a repressão e declarada "agente estrangeiro" pelas autoridades.

Nenhum jornalista foi autorizado a assistir ao veredicto, que foi anunciado no corredor do tribunal pelo advogado do réu, Oskar Scherdjiev, disse um jornalista do site de notícias Mediazona, que também foi declarado um "agente estrangeiro".

Segundo a OVD-Info, em 2023 o reformado partilhou, na rede social russa VK, uma carta que alegou ter enviado ao procurador-geral russo. Pedia que investigasse "crimes cometidos por militares russos" na Ucrânia.

Citou, com base num artigo do The New York Times, um massacre de centenas de civis na primavera de 2022 na cidade ucraniana de Bucha, perto de Kiev.

A Rússia negou ter cometido as atrocidades e acusou a Ucrânia de ter inventado a informação.

Essa alegação russa foi desmentida por várias organizações independentes de verificação de factos e meios de comunicação, incluindo a AFP, cujos jornalistas viram e fotografaram corpos de civis ucranianos mortos nesta cidade.

O reformado também foi processado por uma publicação em que chamou ao presidente russo, Vladimir Putin,  "chefe de Estado terrorista", mas essas acusações foram "retiradas", de acordo com a ONG OVD-Info.

Konstantin Seleznev, que ensinava física e matemática, foi preso na sua casa em Moscovo em outubro de 2023.

Do lado ucraniano, dois moradores da região de Kharkiv, no leste da Ucrânia, foram condenados a fortes penas de prisão por espionar para a Rússia, anunciaram autoridades ucranianas esta segunda-feira.

Moscovo e Kiev prenderam centenas de pessoas por sabotagem ou espionagem para o outro lado desde que a invasão russa da Ucrânia começou em fevereiro de 2022.

De acordo com uma declaração da Procuradoria-Geral da Ucrânia, uma mulher foi condenada a 11 anos de prisão por ajudar a Rússia e apoiar a invasão nas redes sociais.

A mulher, não identificada, é acusada de ter passado informações sobre sistemas de defesa aérea da região a um "jornalista russo" entre janeiro e abril de 2024, segundo a Procuradoria-Geral.

Enquanto isso, um cidadão russo, acusado de espionar o Exército ucraniano na mesma região, foi condenado a 10 anos de prisão, disseram procuradores e o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) num comunicado.

O indivíduo trabalhava para um banco local e tem cidadania russa, enfatizaram. Foi considerado culpado de recolher e disseminar informações confidenciais sobre os movimentos e a localização das tropas ucranianas.

Também foi acusado de adquirir, transportar e armazenar ilegalmente um dispositivo explosivo. Foi preso em julho e declarou-se culpado durante uma audiência, de acordo com a Procuradoria-Geral.